ACUSAÇÃO

Jornalista denuncia assédio sexual de diretor da Record

Elian Matte está afastado por 'bournout', de acordo com o INSS; caso acontece há mais de um ano

Márcio Santos, diretor de Recursos Humanos da Record.Créditos: Reprodução / TV Record
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O jornalista da RecordElian Matte, registrou um boletim de ocorrência (BO) contra o diretor de Recursos Humanos da emissora, Márcio Santos, por assédio sexual, no dia 14 de novembro. O editor do programa de Roberto Cabrini, que está afastado por distúrbios psicológicos, afirma que as importunações sexuais acontecem há mais de um ano

As informações foram divulgadas em reportagem da revista Piauí, que traz os detalhes sobre as denúncias. Márcio Santos tem 46 anos, é pai e avô e frequenta a Igreja Universal do Reino de Deus. É conhecido por suas posturas conservadoras e pela proximidade com os bispos.

Segundo o relato de Matte, as investidas de Márcio Santos começaram em agosto de 2022, quando o diretor o chamou para sua sala. A primeira conversa foi direcionada a assuntos profissionais, porém, o convite aconteceu mais duas vezes. Na terceira vez, a conversa de Santos começou a ter um caráter mais pessoal e, ao final da reunião, o diretor teria passado a mão pelo braço e peito de Matte. A partir dali, o editor não aceitou mais os convites para essas reuniões. 

Contudo, as tentativas do diretor continuaram pelo Whatsapp e de formas mais explícitas, com mensagens de Santos chamando Matte de "gostosinho" e dizendo que o "sequestraria por meia hora". Quando o jornalista estava com suspeita de Covid-19, o diretor chegou a falar que faria o teste em Matte e "tiraria toda a sua roupa, depois a minha, para não haver contaminação, depois pegaria a haste maior e… [emoji com cara feliz]”.

Através de outras mensagens, Matte percebeu que Santos tinha seus dados pessoais e sabia onde ele morava. O jornalista começou a desenvolver ansiedade e a sentir medo do poder que o diretor tinha em relação a ele. 

Tudo piorou quando Matte descobriu que Santos também o observava pelas câmeras de segurança, ao receber uma foto com zoom em seu órgão genital. “Pergunta se está sensual? SIMMM, SEX!”, disse Santos.

Matte tentou denunciar a situação algumas vezes dentro da emissora. Teve reuniões com o vice-presidente de Jornalismo, Antonio Guerreiro, e tentou contato com Luiz Claudio da Silva Costa, presidente da Record. Não obteve sucesso em nenhuma das tentativas. 

Já com o psicológico prejudicado pela situação, o jornalista marcou uma consulta no Centro Médico Hadassah, que presta serviços à emissora. Foi diagnosticado com "bournout", distúrbio causado por excesso de trabalho. Porém, a  médica responsável, Nicolle Taissun, foi pressionada e, com medo de perder o emprego, mudou o diagnóstico para depressão, ansiedade e compulsão alimentar.

Matte procurou um médico particular porque sua saúde piorava, com crises de pânico e estado depressivo. O profissional fez um relatório pedindo para que, devido ao seu estágio de saúde, o jornalista passasse a trabalhar em regime de home office “por tempo indeterminado”.

Jornalista tentou nova denúncia 

Com medo de perder o emprego, o jornalista tentou denunciar a situação outra vez, novamente enviando e-mail para o presidente da emissora. Não obteve resposta. Dias depois, recebeu uma ligação do diretor jurídico da Record, Edinomar Galte, o aconselhando a prestar um Boletim de Ocorrência, mas que tentasse esquecer a situação e focar no trabalho. No dia 14 de novembro, o jornalista abriu um BO com todas as trocas de mensagem e denunciou Márcio Santos por assédio sexual.

Procurado pela revista Piauí, Santos disse ser vítima de uma mentira e que as importunações não passavam de "brincadeiras".

Ainda de acordo com a reportagem, o diretor é também é acusado de arquivar outro caso de assédio sexual, contra a jornalista Rhiza Castro, vítima de Thiago Feitosa. Ela chegou a ser demitida após denunciar o caso a Santos. 

 

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