MORADIA POPULAR

MTST denuncia esquema de fraude de construtora em habitações sociais em SP

"Não vamos aceitar que construtoras já absurdamente ricas se aproveitem de uma lei que existe para garantir moradia popular bem localizada para o povo e enriquecerem ainda mais", destacou movimento

Créditos: Divulgação
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Cerca de 300 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) ocuparam, na manhã desta quarta-feira (30), um empreendimento da Vitacon 42 Desenvolvimentos Imobiliários, localizado na Vila Olímpia, zona sul da capital paulista. A empresa é uma das envolvidas nas investigações sobre fraudes em programas de habitação popular em São Paulo. Segundo o MTST, a ocupação é pacífica.

No ato, a coordenadora do MTST, Ana Paula Perles, condenou a apropriação indevida de políticas de habitação por grandes empresas: “Nós não vamos aceitar que construtoras que já são absurdamente ricas se aproveitem de uma lei que existe para garantir moradia popular bem localizada para o povo, pra enriquecer ainda mais, sem construir os empreendimentos para quem é de direito”, declarou.

Com apoio de isenções fiscais destinadas à habitação popular, grandes construtoras vêm construindo imóveis que, na prática, excluem as classes populares por conta dos altos preços. O Ministério Público (MP) já apura suspeitas de fraudes em cerca de 240 mil unidades, comercializadas por mais de R$ 600 mil, mesmo tendo recebido incentivos para atender famílias de baixa renda. Após a revelação do esquema, a Prefeitura de São Paulo notificou os empreendimentos investigados — incluindo o alvo da ocupação denunciado pelo MTST.

No último dia 22, a Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo publicou em Diário Oficial, uma notificação à Vitacon solicitando esclarecimentos sobre a destinação das unidades de Habitação de Interesse Social (HIS) e Habitação de Mercado Popular (HMP). A parte notificada deverá apresentar resposta no prazo de 15 dias corridos, contados a partir do recebimento da notificação. "O descumprimento dos prazos, a falta de comprovação dos fatos alegados, ou a violação ao regime
jurídico de produção privada de unidades de HIS 1, HIS 2 e HMP constará de relatório final conclusivo e poderá ensejar
a imposição de sanção pecuniária pela Autoridade",
informa a Prefeitura.

O governo municipal pede os seguintes documentos à Vitacon:

  • Matrículas de todos os imóveis do empreendimento;
  • Contratos de compra e venda e/ou compromisso de compra e venda das unidades de HIS e/ou HMP;
  • Documentos comprobatórios do enquadramento das famílias adquirentes na faixa de renda destinatária para todas as unidades licenciadas como HIS e/ou HMP;
  • Outros documentos que demonstrem a correta destinação das unidades HIS e HMP, nos termos da legislação municipal sobre o tema

'Cadê a moradia popular?'

O movimento ocupou e estendeu uma grande faixa ‘Cadê a moradia popular?’ na obra de um dos empreendimentos envolvidos no escândalo. O Ministério Público aponta que houve "omissão" por parte da gestão municipal em fiscalizar a política habitacional que concede incentivos a empresas para a construção de moradias. Segundo o órgão, a falta de controle permitiu a prática de diversas fraudes, com a venda e aluguel dos imóveis para pessoas que não se enquadram nas faixas de renda previstas, prejudicando diretamente a população que deveria ser beneficiada.

Veja as imagens dos atos:

Foto: Divulgação
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