CONTAMINAÇÃO POR HIV

MP denuncia envolvidos no caso de transplantes de órgãos infectados

Sócios e funcionários foram acusados de associação criminosa, lesão corporal e falsidade ideológica

Sede do PCS Lab Saleme, em Nova Iguaçu (RJ).Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil
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O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou, nesta terça-feira (22), seis envolvidos no caso de transplantes de órgãos infectados com HIV. Foram denunciados funcionários e sócios do laboratório PSC Saleme, responsável pela realização dos exames de sorologia. 

O caso veio a público no dia 11 de outubro e chocou a população e a comunidade médica. Após realizarem a cirurgia de transplantes de órgãos, seis pacientes foram contaminados pelo vírus HIV. O laboratório PSC Saleme foi contratado pela Fundação Saúde do Estado do Rio de Janeiro.

Os denunciados nesta terça-feira (22) foram os sócios Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira e Walter Vieira, e os funcionários  Ivanilson Fernandes dos Santos, Cleber de Oliveira Santos, Jacqueline Iris Barcellar de Assis e Adriana Vargas dos Anjos. Eles foram acusados de associação criminosa, lesão corporal grave e falsidade ideológica.

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A promotora Elisa Ramos Pittaro Neves, ao encaminhar a denúncia, declarou que os envolvidos agiram com "plena consciência da forma irregular". "Cientes e da alta probabilidade de um paciente ser contaminado em razão de uma laudo com resultado falso, e todos indiferentes em relação ao efetivo contágio, concorreram para a contaminação dos pacientes transplantados com vírus HIV e, via de consequência, lhes causando enfermidade incurável", disse.

A denúncia do MP também pede a prisão preventiva dos envolvidos para garantir o prosseguimento da investigação. Uma das funcionárias também foi acusada de falsificação de documento específico.

Ainda nesta terça-feira (22), foi concluído o inquérito aberto pela Delegacia do Consumidor (Decon), que indiciou seis pessoas por lesão corporal gravíssima por enfermidade incurável, associação criminosa, falsidade ideológica e por induzir o consumidor a erro. A Decon também apura o processo de contratação da empresa pela Fundação Saúde. 

Quem são os investigados

  • Matheus Sales, sócio do PCS Lab Saleme era responsável pela área de Tecnologia da Informação do laboratório e teria autonomia para manipular documentos;
  • Walter Vieira, médico ginecologista, também é sócio do PCS Lab Saleme e responsável técnico do laboratório. Ele foi o responsável por assinar um dos laudos errados. Além disso, Vieira é tio do deputado federal Doutor Luizinho (PP), que foi secretário de Saúde do RJ no ano passado, e pai de Matheus Sales;
  • Jacqueline Iris Bacellar de Assis era auxiliar administrativa no PCS Lab Saleme e também foi responsável pela assinatura de um dos laudos que atestaram que os doadores de órgãos não tinham HIV;
  • Cleber de Oliveira dos Santos é biólogo e técnico de laboratório contratado pelo PCS para fazer análise clínica no material que chegava da Central Estadual de Transplantes;
  • Ivanilson Fernandes dos Santos era técnico de laboratório contratado pelo PCS para fazer análise clínica no material que chegava da Central Estadual de Transplantes;
  • Adriana Vargas dos Anjos era coordenadora do PSC Saleme e responsável pelo controle de qualidade dos exames. Ela foi acusada pelos funcionários de ter dado ordem para economizar na emissão dos laudos, reduzindo a frequência das análises de amostras de diárias para semanais.

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