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O antipetismo e o anti-islamismo do déspota pouco esclarecido – Por Frederico Assis Brasil

Governador Ronaldo Caiado apoia o genocídio de Israel em Gaza para ganhar visibilidade para sua candidatura presidencial em 2026

Governador Ronaldo Caiado com o premiê israelense Benjamin Netanyahu.Créditos: Governo do Estado de Goiás
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Tentando sair do suvaco de Bolsonaro, para se antagonizar com Lula, que fez declarações públicas sobre o avanço militar desproporcional de Israel, mal comparando ao Holocausto, Ronaldo Caiado iniciou uma agenda política de aproximações com o governo de Israel. A estratégia é também uma forma de sinalizar para os apoiadores de Bolsonaro que o governador é simpático à mesma política anacrônica de relações internacionais, que forja uma geopolítica conflitiva entre países cristãos e não cristãos, liberais e comunistas.

Ao inaugurar o parque “Am Israel Chai ” (O povo de Israel vive) no dia 28 de fevereiro no terreno que abriga o Departamento de Trânsito do Estado de Goiás, em Goiânia, Caiado ratificou uma “Declaração de Adesão ao Trabalho de Antissemitismo”, que tem sido utilizado por Israel para legitimar sua beligerância militar e ideológica contemporânea e uma declaração conjunta de cooperação técnica entre a Secretaria Geral de Governo do Estado de Goiás e o Ministério das Relações Exteriores de Israel.

Os gestos simbólicos em Goiânia são uma forma de Caiado acenar para Benjamin Netanyahu em troca de apoio político de Israel, que tem ruminado uma forma de retaliação mais ofensiva contra o posicionamento imparcial e pacifista do Lula e do governo brasileiro em defesa da paz e do povo palestino, sem prejuízo da condenação do terrorismo islâmico. O mandato brasileiro na presidência do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), presidido pelo ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores), tem sido também uma forma de combate diplomático que pode culminar na condenação de Israel no Corte Internacional de crimes contra a humanidade.

Ignorando números sofríveis de 30 mil vidas perdidas sem direito ao luto e à memória, contrariando aos princípios dos Direitos Humanos Internacionais, no tocante à autonomia, à autodeterminação e ao direito à defesa territorial do povo Palestino, Caiado atua com a lógica de quem atravessa a rua para cair na casca de banana.

Verossímil ou não, o convite de Israel para os possíveis presidenciáveis Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado visitarem o país, tem esquentando o cenário político, pois que se tratam dos 2 maiores herdeiros políticos do bolsonarismo, e segue a mesma estratégia de utilizar possíveis inimigos políticos de Lula para constranger o governo brasileiro a mudar o tom da sua política externa, sendo mais complacente com Israel, para utilizar o Hamas, como pretexto para praticar terrorismo de Estado em Gaza.

Em resposta a isso, os professores e pesquisadores da UFG organizaram um manifesto em defesa da Palestina Livre, em resposta ao governador Ronaldo Caiado: “Não em Nosso Nome”. No documento, assinado por mais de 100 profissionais, são elencados os motivos de desproporcionalidade, que parece ocultar um sentimento sionista de superioridade étnica, para condenar o apoio goiano ao massacre generalizado do povo mulçumano e de Gaza, que já atacou milhares de civis em hospitais, prédios de organismos humanitários internacionais e até fila por comida.

*Frederico Assis Brasil é professor Urbanidade na UFSJ, com doutorado no Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas da UFRJ e idealizador do Oposição com Liderança.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.