Neste sábado, o brasileiro João Fonseca garantiu uma vaga na decisão do Next Gen ATP Finals, que será disputada neste domingo (22). Foi mais um feito histórico na carreira de um jovem que começa a chamar a atenção do mundo do esporte.
Com a vaga na decisão, aos 18 anos e três meses de idade, ele se tornou o terceiro tenista com menos de 19 anos a estar na final da competição, que reúne os oito melhores tenistas de até 20 anos do circuito mundial. Os outros dois foram Carlos Alcaraz e Jannik Sinner, atuais número 3 e 1 do ranking atualmente.
O brasileiro entrou no torneio como o tenista de ranking mais baixo da competição. Também é o mais jovem. Na primeira rodada, passou pelo francês Arthur Fils, número 20 do mundo.
Antes, Fils já havia sido derrotado por Fonseca no Rio Open, em fevereiro deste ano. Ali, ele se tornou o mais jovem brasileiro a chegar às quartas de final de um torneio em nível ATP e também mais jovem atleta a alcançar esta fase na história do torneio, superando o feito alcançado por Carlos Alcaraz em 2022, aos 18 anos.
Fonseca venceu ainda o tcheco Jakub Menski, número 48 do mundo, no chamado "grupo da morte" do torneio, com uma campanha invicta. Nas semifinais, venceu o francês Luca Van Assche por 3 sets a 0.
O Next Gen ATP Finals conta com um sistema de pontuação diferente, em que é necessário vencer quatro games para ganhar um set, não há vantagem em situação de empate e os jogos são decididos em melhor de cinco sets.
Destaque no The New York Times
Na coleção de feitos de João Fonseca está ainda o fato de ele ser o único brasileiro a terminar uma temporada liderando o ranking juvenil.
Após a primeira rodada do Next Gen ATP Finals, o The New York Times fez uma matéria sobre o jovem tenista. "Ele ainda é um jogador de tênis adolescente também. Seu maior desafio é a consistência: descobrir como vencer quando não está jogando o seu melhor. No tênis júnior, o melhor jogador — aquele com a melhor técnica e as melhores tacadas — geralmente vence o torneio. Não é assim que acontece durante as disputas sérias", escreveu o jornalista esportivo Matthew Futterman, descrevendo um dos grandes desafios do brasileiro.
“No circuito profissional, há muitos jogadores que conseguem encontrar as soluções, e os que encontram mais soluções durante os torneios, durante as semanas, têm melhores resultados”, resume Fonseca na matéria, que lembra ainda que o tenista venceu sete e perdeu sete partidas em torneios da ATP este ano. Sinner, líder do ranking, venceu 11 e perdeu 10 em 2019, ano em que completou 18 anos.
O diretor-executivo do site especializado Tenis Brasil, José Nilton Dalcim, fala das qualidades de Fonseca em artigo. "O primeiro saque já costumeiramente anda acima dos 200 km/h e mostra variação de efeitos e direções tão característica dos grandes sacadores. A aceleração do forehand é um assombro. Porém, muito mais que força, se destaca a profundidade dos golpes. Nem mesmo adversários experientes aguentaram tamanha pressão e perdem precisão quando são obrigados a rebater fora de posição. Se não concluir com winners ou erro forçado, João usa seu ótimo trabalho de pernas para encurtar o tempo e buscar voleio matador. Não há buracos claros no seu jogo", aponta.
"João na maior parte do tempo está sereno, mínimas reclamações por chances perdidas e discreta comemoração até mesmo em lances de grande exigência. E já foram muitos neste Next Gen. Não vemos um tenista deslumbrado, antes, durante ou depois. E isso é notável", diz Dalcim.