ORIENTE MÉDIO

Irã quer evitar escalada do conflito e Israel diz ter cumprido objetivo

Líder da República Islâmica, Ali Khamenei, sinaliza contenção e primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, diz que ataque foi "preciso e poderoso"; Conselho de Segurança da ONU se reúne segunda

Créditos: Fotomontagem (Flick e IRNA) -
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O Irã prometeu uma "resposta apropriada" aos ataques de Israel contra o país, mas enfatizou que não deseja uma guerra mais ampla. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o ataque causou grandes danos às defesas de Teerã, sem fornecer mais detalhes.

Sem retaliação imediata, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, apontou para uma resposta planejada ao ataque de Israel, enquanto o país tenta equilibrar as expectativas internas com o risco de escalar o conflito regional. Ele fez um discurso público neste domingo (27), um dia após Israel realizar três ondas de ataques no Irã em em reunião com famílias de militares mortos em combate, os "mártires da segurança".

Ele afirmou que o regime sionista cometeu "erros de cálculo" em relação ao Irã e enfatizou a necessidade de fortalecer o país em todas as dimensões — econômica, científica, política e de defesa — para garantir sua segurança e progresso.

Khamenei criticou fortemente a inação de governos e organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas, em enfrentar as ações do regime sionista em Gaza e no Líbano.

"Mesmo em guerra, há regras, leis e limitações que não podem ser ignoradas. No entanto, o regime criminoso que governa as terras ocupadas pisoteou todos os limites e regras", observou.

Israel diz ter alcançado objetivo

Esses comentários ocorrem em meio a preocupações de que o conflito entre Israel e Irã possa empurrar o Oriente Médio para uma guerra em larga escala.

O ataque israelense, realizado na madrugada de sábado, envolveu três ondas de bombardeios a fábricas de mísseis e outras instalações perto de Teerã e no oeste do Irã, segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF).

Israel justificou a ofensiva como retaliação ao ataque iraniano de 1º de outubro, quando cerca de 200 mísseis balísticos foram disparados do Irã contra Israel, que, por sua vez, respondeu ao assassinato de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, por forças israelenses.

O governo de Israel comentou sobre os ataques aéreos realizados no Irã no dia anterior neste domingo. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que a Força Aérea Israelense "atacou por todo o Irã" e "danificou severamente a capacidade de defesa e a habilidade de produzir mísseis" do país.

Ele enfatizou que o ataque foi "preciso e poderoso", alcançando seus objetivos, e declarou: "Este regime deve entender um princípio simples — quem nos machuca, nós o machucamos".

As autoridades israelenses ressaltaram que os ataques evitaram alvos nucleares e instalações petrolíferas, focando em alvos militares para evitar uma escalada maior do conflito

O governo de Israel manteve silêncio sobre os detalhes operacionais dos ataques, com Netanyahu proibindo seus ministros de conceder entrevistas no sábado. As informações foram transmitidas pelo exército israelense, que descreveu os ataques como "precisos" e direcionados a locais de produção de mísseis e sistemas de defesa aérea.

Em comunicado oficial, as Forças Armadas do Irã informaram que "interceptaram um número significativo de mísseis israelenses" durante os ataques recentes, e que os mísseis que atingiram seus alvos causaram apenas "danos limitados" aos sistemas de radar, os quais já foram reparados.

Diplomacia

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, conversou por telefone com seus homólogos do Egito e do Catar. Ele declarou que o Irã "não hesitará em responder de forma decisiva e proporcional a qualquer violação de sua integridade territorial", indicando que qualquer resposta será dada "no momento adequado".

A mídia estatal minimizou o impacto dos ataques israelenses na vida cotidiana, destacando a eficácia dos sistemas de defesa aérea do país e apresentando os ataques como uma vitória para o Irã e um fracasso para Israel.

Enquanto isso, os Estados Unidos advertiram Israel para evitar atacar instalações nucleares ou petrolíferas do Irã e indicaram que, se o Irã retaliar, Washington defenderá Israel e haverá consequências.

Enquanto isso, as negociações sobre reféns e cessar-fogo em Gaza foram retomadas, as primeiras conversas de alto nível em dois meses. O Egito, que atua como mediador entre o Hamas e Israel, propôs um cessar-fogo inicial de dois dias e uma troca de prisioneiros.

Conselho de Segurança da ONU

O Conselho de Segurança das Nações Unidas realizará uma reunião nesta segunda-feira (28)  para discutir o recente ataque de Israel contra o Irã, informou neste domingo a missão suíça na ONU, que atualmente preside o conselho. A reunião foi solicitada pelo Irã, com apoio da Argélia, China e Rússia.

Em uma carta enviada no sábado ao conselho de 15 membros, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou que as ações de Israel representam uma grave ameaça à paz e à segurança internacionais, além de desestabilizarem uma região já fragilizada.

"A República Islâmica do Irã, em conformidade com os princípios da Carta das Nações Unidas e com o direito internacional, reserva-se o direito legítimo de responder a esses ataques criminosos no momento oportuno", escreveu Araqchi.

O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, rejeitou as acusações do Irã, classificando a queixa como "ridícula". "Temos o direito e o dever de nos defender e utilizaremos todos os meios à nossa disposição para proteger os cidadãos de Israel", disse Danon em comunicado no domingo.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou a todas as partes envolvidas para cessarem as ações militares, incluindo em Gaza e no Líbano, e para que se evite uma escalada que leve a uma guerra regional. Guterres enfatizou a necessidade de um retorno ao caminho da diplomacia.

A Arábia Saudita também condenou os ataques de Israel ao Irã, alertando para os riscos de um conflito regional ainda maior.

Violência no dia a dia

Pelo menos 30 profissionais de saúde foram detidos durante incursões israelenses no Hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde do enclave. O chefe da Organização Mundial da Saúde classificou os ataques a cuidados de saúde como "deploráveis" e afirmou que as condições no norte de Gaza são "catastróficas" devido às operações militares israelenses.

Um ataque israelense atingiu a escola Asmaa, localizada a oeste da Cidade de Gaza, matando várias pessoas neste domingo, incluindo crianças, segundo a Defesa Civil de Gaza.

O exército israelense afirmou que o alvo era um centro de comando do Hamas, alegando ter tomado medidas para evitar danos a civis.

O complexo escolar, situado no campo de refugiados de Al-Shati, onde centenas de deslocados estão abrigados, já havia sido atacado anteriormente durante o conflito.

As operações militares israelenses no norte de Gaza continuam a causar mortes e deslocar milhares de palestinos, enquanto autoridades locais relatam a interrupção da ajuda humanitária.

Em Israel, socorristas relataram que pelo menos uma pessoa morreu e mais de 30 ficaram feridas após um caminhão atingir um ônibus perto de uma base militar ao norte de Tel Aviv, em um ataque que, segundo as autoridades israelenses, foi intencional.

 


 

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