Uma das primeiras medidas do recém-empossado presidente dos EUA, Donald Trump, foi recolocar Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo.
Durante coletiva regular de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da China nesta terça-feira (21), em Pequim, o governo chinês teceu duras críticas à medida de Trump.
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O porta-voz Guo Jiakun observou que o uso repetido da chamada lista de "patrocinadores estatais do terrorismo" para impor sanções unilaterais contra Cuba é completamente infundado.
“Isso expõe plenamente a natureza hegemônica, autoritária e intimidadora dos EUA. Os EUA removeram a designação de Cuba e a reinstalaram apenas seis dias depois, como se fosse algo para ser tratado de forma leviana. Isso leva as pessoas a questionarem a credibilidade dos EUA como nação”, afirmou.
Guo comentou ainda que o bloqueio completo dos EUA contra Cuba nos últimos 60 anos ou mais viola gravemente o direito internacional e as normas básicas que regem as relações internacionais, causando sérios danos à economia de Cuba e ao bem-estar de sua população.
“A China se opõe à interferência dos EUA nos assuntos internos de Cuba sob o pretexto de liberdade, democracia e combate ao terrorismo, e mais uma vez insta os EUA a levantarem imediatamente o bloqueio contra Cuba, retirarem Cuba da lista de "patrocinadores estatais do terrorismo" e agirem em prol da melhoria das relações entre EUA e Cuba, promovendo a paz e a estabilidade no Hemisfério Ocidental”, finalizou.
Cuba reage com indignação
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, reagiu no mesmo dia e com indignação à medida de Trump pelas redes sociais.
“Presidente Trump, em um ato de arrogância e desprezo pela verdade, acaba de restabelecer a fraudulenta designação de Cuba como Estado patrocinador do terrorismo. Não é surpreendente. Seu objetivo é continuar fortalecendo a cruel guerra econômica contra Cuba com fins de dominação”, escreveu.
Ele comentou ainda o resultado das medidas extremas de cerco econômico impostas por Trump foi provocar carências em nosso povo e um aumento significativo do fluxo migratório de Cuba para os Estados Unidos.
"Este ato de escárnio e abuso confirma o descrédito das listas e mecanismos unilaterais de coerção do governo dos EUA. Prevalecerá a legítima e nobre causa do nosso povo, que mais uma vez vencerá", afirmou.
Nesta terça-feira (21), Díaz-Canel fez mais uma postagem sobre o tema em que acusa políticos dos EUA de mentirem sobre Cuba e classifica Trump como “imperador".
“Políticos cínicos dos EUA, que lucram com a política anti cubana, mentem sem pudor ao justificar ações coercitivas contra o bem-estar do nosso povo. Estão desmascarados. Cuba despreza seu servilismo, e o mundo condena os desatinos do atual imperador", expressou.
Entenda a medida
Em 11 de janeiro de 2021, durante seu primeiro mandato, Trump designou Cuba como Estado Patrocinador do Terrorismo, sob a alegação sem lastro na realidade de que o governo cubano fornecia abrigo seguro a terroristas internacionais.
Em 14 de janeiro de 2025, nos últimos dias de seu mandato, o presidente Joe Biden removeu Cuba dessa lista, como parte de um acordo mediado pelo Vaticano que resultou na libertação de 553 prisioneiros políticos em Cuba.
Nas primeira horas do segundo mandato, nesta segunda-feira, Trump reverteu a decisão de Biden, recolocando Cuba na lista de Estados Patrocinadores do Terrorismo.
Relações sino-cubanas
As relações entre a China e Cuba têm se destacado como um exemplo de solidariedade e cooperação entre países socialistas, além de uma assistência mútua sincera entre nações em desenvolvimento.
Cuba foi o primeiro país do hemisfério ocidental a estabelecer relações diplomáticas com a República Popular da China, marcando o início de uma parceria estratégica que perdura há décadas.
A China é o segundo maior parceiro comercial de Cuba, ficando atrás apenas da Venezuela. Nos últimos anos, ambos os países têm buscado aprofundar a cooperação em áreas como agricultura, biotecnologia e transporte público.
Em 2024, foi assinado um acordo para adicionar dois mil megawatts de energia solar à rede elétrica cubana até 2028, com mil megawatts previstos para o verão de 2025.
Apesar dos laços históricos, as relações comerciais entre China e Cuba têm enfrentado desafios. O comércio bilateral diminuiu de US$ 1,7 bilhão em 2017 para US$ 1,1 bilhão em 2022. Além disso, empresas chinesas têm reduzido sua presença em Cuba devido a dívidas não pagas pelo governo cubano.
Parcerias estratégicas China-Cuba
Em agosto de 2023, o presidente chinês, Xi Jinping, reafirmou o apoio contínuo da China a Cuba na oposição a interferências externas, destacando a disposição de trabalhar em conjunto para aprofundar a confiança política mútua e expandir a cooperação prática.
Ambos os países também têm colaborado em iniciativas como a construção conjunta da Iniciativa Cinturão e Rota, a Nova Rota da Seda, que tem o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável do comércio bilateral.