JBS e Friboi financiam estudo que aponta pecuária como "parte da solução" das questões climáticas

De acordo com o levantamento da FGV, a agropecuária "sustentável" ajudaria a "capturar carbono" da atmosfera; setor é responsável por mais de metade das emissões de gases do efeito estufa no Brasil

Criação de gado.Créditos: USDA NRCS via Flickr commons
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

De acordo com o Observatório do Clima, a produção agropecuária é responsável por mais da metade das emissões de gases do efeito estufa (GEE) no Brasil

Somada ao desmatamento de ecossistemas naturais, que já avança sobre parte considerável da Amazônia (tanto para a criação de pastos como para a plantação de grãos que alimentem os bovinos), é um dos setores mais responsáveis pelo avanço dos efeitos climáticos extremos

No entanto, uma pesquisa do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia (OCBio) da FGV parece ter descoberto algo surpreendente: na verdade, o setor agropecuário mais ajudaria que atrapalharia no cenário das mudanças climáticas

Para a pesquisa, financiada por gigantes do setor, como a JBS (maior processadora de carne bovina do mundo) e a Friboi (que contribuiu com 103 das suas propriedades de produção para as análises do estudo), 31% das áreas de criação analisadas "removem mais que emitem" carbono atmosférico

De acordo com a CNN, o estudo levou em conta "práticas adequadas de manejo do solo", eficiência produtiva e práticas de "desmatamento zero", além do perfil de dieta dos animais. 

A conclusão, de acordo com Fabio Dias (diretor de pecuária da Friboi e líder de Agricultura Regenerativa da JBS no Brasil), é que "a pecuária com práticas sustentáveis pode ser cada vez mais parte da solução da questão climática". 

O Relatório Anual do Desmatamento (RAD) do mapBiomas determinou o setor agropecuário como responsável por 95,7% do total do desmatamento para 2022 — que correspondeu a 2,05 milhões de hectares, principalmente na Amazônia e do Cerrado. 

90% dessa destruição ocorreu em 1,1% das propriedades rurais, o que demonstra a imensa concentração da atividade pecuária em áreas extensas de "poucos donos". Um desses donos, Claudecy Oliveira Lemes, proprietário de uma área de 81,2 mil hectares no Pantanal e investigado pelo uso extensivo de agrotóxicos, fornecia carne a frigoríficos da JBS.

Essas provavelmente não foram as áreas alvo da pesquisa da FGV (que considerou propriedades "eficientes e sustentáveis"). 

O desmatamento de biomas para a criação de áreas de pastagem já alcançava cerca de 64,5 milhões de hectares em 2023, e foi responsável por 97% da perda de vegetações nativas

De acordo com a pesquisa da FGV, foi a recuperação dos pastos aquele elemento responsável pela redução das emissões avistada no levantamento — isto é, se a agropecuária avançasse num ritmo sustentável, as condições para a diminuição de emissões poderiam ser atendidas. 

Talvez num mundo ideal.

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