Guedes ironiza concentração de renda: "Vamos trazer o Fidel que ele resolve o problema da desigualdade"

Em entrevista à GloboNews, ministro fez piada ao falar sobre medidas do governo Bolsonaro para reduzir a desigualdade social e fez uma espécie de agradecimento ao grupo Globo e à mídia corporativista pelo "abraço" na agenda econômica

O ministro da Economia, Paulo Guedes (Divulgação)
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Em um recado direto de que a política econômica do governo Jair Bolsonaro é feita para bancos e grandes empresários, que estão no seleto grupo que habita o todo da pirâmide social, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez piada ao falar sobre medidas para reduzir a desigualdade social no Brasil. "Não olhe para nós procurando o fim da desigualdade social", disse durante entrevista à GloboNews no fim da noite desta quarta-feira (18). Sem detalhar, Guedes disse que "eles virão", referindo-se aos programas sociais, e ironizou, com certo grau de irritação, a questão para ressaltar que tem propostas "menos intervencionistas". "Será que vocês precisam de um ditador? Vamos trazer o Fidel [Castro, ex-presidente de Cuba morto em 2016] que ele resolve o problema da desigualdade", ironizou. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quarta-feira mostra que a faixa de renda dos brasileiros mais pobres foi a única que perdeu rendimento durante o governo Bolsonaro. Segundo os dados, 51,8% dos mais pobres não tiveram ou perderam rendimentos nos primeiros três trimestres do ano. Segundo o estudo, baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, do IBGE, entre julho e setembro a renda domiciliar do trabalho da faixa de renda alta era 30,5 vezes maior que a da faixa de renda muito baixa, que reúne quase 30% (29,6%) dos domicílios brasileiros – com renda mensal de até R$ 1.643,78. Macron e abraço da mídia O ministro também usou a ironia para voltar a criticar o presidente francês, Emmanuel Macron, sobre os incêndios na Amazônia, dizendo que o francês não conseguiu nem mesmo impedir o incêndio da Catedral de Notre Dame, que foi incendiada em abril deste ano. "Você vê a dificuldade de o Macron impedir de queimar Notre Dame e ele está aí, preocupado com o fogo na floresta. A Amazônia é do tamanho da Europa. A gente tenta cuidar, [mas] é difícil. 'Tocaram' fogo em Notre Dame e o Macron não conseguiu impedir". Na entrevista, Paulo Guedes ainda fez uma espécie de agradecimento ao grupo Globo e à mídia corporativista pelo "abraço" na agenda econômica tocada por ele. "A mídia abraçou a agenda econômica, nós vimos a população nas ruas em apoio à reforma. A Câmara cortou pontos que eram mais sensíveis, o Senado trouxe os estados e municípios para a reforma. No fim, criamos uma reforma sólida".