Novo ministro da Economia da Argentina é pupilo de Joseph Stiglitz

Escolha de Martín Guzmán, pupilo do Nobel da Economia reconhecido por sua crítica ao neoliberalismo, para o Ministério da Economia, representa que Alberto Fernández resistiu às pressões do mercado financeiro na hora de formar o Gabinete

Martín Guzmán, o novo ministro da Economia da Argentina (Foto: Gentileza)
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O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, anunciou nesta sexta-feira (6) a composição completa de seu gabinete. Uma das pastas que mais despertava curiosidade era da Economia, com fortes especulações de que o comandante do Ministério seria uma figura ligada aos bancos e ao mercado financeiro. Não foi o que aconteceu. Martín Guzmán, heterodoxo e seguidor do economista Joseph Stiglitz, vai cuidar do principal desafio do novo governo peronista. A proposta de renegociação da dívida pública da Argentina apresentada pelo economista em painel da Organização das Nações Unidas (ONU) em 22 de novembro foi o que mobilizou a equipe de Fernández a se aproximar de Guzmán através de Matias Kulfas, que ocupará o Ministério da Produção. No projeto, o economista de 37 anos defende a pausa no pagamento dos credores da dívida por dois anos, a ampliação dos prazos de vencimento, o reordenamento dos juros e a renúncia à parcelas restantes do FMI. O último ponto já foi anunciado por Alberto. Formado na Universidade de La Plata, Guzmán se destacou no exterior após concluir doutorado na Universidade Brown e atuar em conjunto com o economista Joseph Stiglitz na Universidade de Columbia. Economista-chefe do Banco Mundial entre 1997 e 2000, Stiglitz é vencedor do Prêmio Nobel de Economia e reconhecido crítico do neoliberalismo. Ao avaliar o governo Macri, em entrevista ao Página 12 em setembro, afirmou que "Macri e o FMI provocaram um desastre" e “o experimento neoliberal foi um fracasso espetacular". A proximidade de Guzmán com o kirchnerismo também foi fundamental para a escolha. Ele também é um dos autores dos "Nove Princípios da ONU sobre Processos de Reestruturação da Dívida Soberana", aprovado em 2015 na Assembleia Geral das Nações Unidas. Outras pastas Nomes relevantes na academia e na política argentina ganharam postos no gabinete. Um deles é o reitor da Universidade Metropolitana para a Educação e o Trabalho (UMET),  Nicolas Trotta, que dividirá a pasta da Educação com Adriana Puiggrós. A ativista Victoria Donda, referência na luta pela despenalização do aborto, assume o Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (INADI). Outro nome que chama atenção é o da advogada Elizabeth Gómez, defensora da ativista Milagro Sala, que ocupará o Minsitério da Igualdade. O presidente do San Lorenzo, Matias Lammens vai dirigir o Ministério da Cultura e dos Esportes. Lammens foi candidato ao governo da Cidade de Buenos Aires e ficou em segundo lugar. Com informações do Página 12