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Se é verdade o que diz o ditado, de que “quem cala consente”, é possível entender a posição da Organização dos Estados Americanos (OEA), entidade que deveria defender a democracia e o Estado de direito em todos os países das três Américas, mas que, curiosamente, não expressou nenhuma posição oficial nas últimas 24 horas, ignorando completamente o golpe de Estado posto em marcha desde a manhã de domingo (10) na Bolívia.
A última publicação da conta oficial da OEA no twitter foi a divulgação “preliminar” (ou seja, antes de o estudo estar concluído) de um parecer sobre as eleições, que diz que o processo “poderia ter sido fraudado”, documento que está sendo usado pelos golpistas para justificar suas ações. Aliás, a publicação foi um retuíte de mensagem do seu presidente, Luis Almagro, com o documento em anexo:
Porém, não há nenhuma palavra da entidade a respeito dos ataques agressivos a opositores, incluindo incêndios a sedes de entidades indígenas (e também à casa de uma irmã de Evo Morales), além da prisão sumária de ex-membros do Tribunal Supremo Eleitoral. E isso se falamos da conta oficial da OEA em espanhol. A conta oficial em português não publica nada desde o dia 7 de novembro e a em inglês desde o dia 8. Quem também se mantém em lamentável silêncio é o presidente do órgão, o diplomata uruguaio Luis Almagro. Sua única publicação a respeito do caso foi feita quando começou a movimentação golpista, quando fez um mero apelo protocolar: “queremos registrar e reiterar nosso apelo por soluções constitucionais, cívicas e pacíficas na Bolívia”. Também republicou a mensagem oficial da OEA com o resultado do tal “parecer preliminar”.Mis felicitaciones al equipo de la @OEA_Oficial que llevó a cabo la auditoría de las elecciones en Bolivia. Realizaron un trabajo excelente. #OEAenBolivia #OEAcumple https://t.co/dFuq45bKg0
— Luis Almagro (@Almagro_OEA2015) November 10, 2019
Porém, nenhuma palavra dele desde que as Forças Armadas obrigaram o presidente Evo Morales a renunciar e depois fez o mesmo com o vice-presidente Álvaro García Linera, a presidenta do Senado Adriana Salvatierra e muitas outras autoridades legítimas do país. Tal silêncio vergonhoso foi cobrado pelo líder petista e ex-candidato presidencial brasileiro Fernando Haddad, que aproveitou de lembrar, através do seu twitter, que a entidade foi cúmplice do golpe de Estado, graças ao “parecer preliminar”. "A OEA abriu caminho para o golpe na Bolívia. Podia se manifestar sobre o que acha dos últimos acontecimentos", declarou Haddad após a derrubada de Evo Morales.Suscribimos y reiteramos el llamado a soluciones constitucionales, cívicas y pacíficas en Bolivia conforme al comunicado de @eu_eaas de apoyo al proceso https://t.co/XV1etWl32l
— Luis Almagro (@Almagro_OEA2015) November 10, 2019