Quando a reportagem da Fórum chegou à avenida Paulista, já havia uma concentração significativa de bolsonaristas em torno do palco à espera da chegada de Jair Bolsonaro.
Eram 13 horas e o Metrô despejava centenas de novos manifestantes cantando "eu, sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor", hino normalmente dedicado à seleção brasileira.
A pretensão era lotar os 18 quarteirões da avenida Paulista.
Se as cores e as palavras de ordem permanecem as mesmas, os entrevistados esgrimiam novos argumentos para derrubar Lula. Os vendedores ambulantes se anteciparam.
LEÃO BÍBLICO EM DESTAQUE
Havia bandeiras do Brasil fundidas à de Israel, com um leão estampado, um símbolo bíblico de força e poder.
Um homem que diz se chamar Tio Sam, vestido com a bandeira dos Estados Unidos, dizia que a eleição de Donald Trump este ano pode ajudar Bolsonaro a voltar ao Planalto.
As faixas pedindo intervenção militar sumiram.
Foram substituídas pelas bandeiras de Israel, dos Estados Unidos e por santinhos do presidente Javier Milei, da Argentina, com a motossera.
A deputada estadual Fabiana Barroso, que não tem relação com a família mas se elegeu usando o sobrenome Bolsonaro, espalhava imagens de Trump, Bolsonaro e Milei com a frase: "Unidos pela direita".
Entrevistados pela Fórum, bolsonaristas disseram que a manifestação deste domingo era um grito pelo impeachment de Lula.
O apoio dos Estados Unidos, Argentina e Israel pela volta de Bolsonaro ao poder, em 2026, é considerado essencial.
Lembrei a um dos entrevistados que Bolsonaro estava com os direitos políticos cassados.
"Os Estados Unidos estão em toda parte, contam com a CIA", respondeu um deles, de maneira enigmática.
Uma nova tentativa de golpe militar foi rechaçada pela maioria. Um dos entrevistados disse que os militares "estão divididos".
A Fórum preserva os nomes dos entrevistados para evitar possível constrangimento entre seus pares dos que teriam sua identidade estampada em um veículo de esquerda.
A pretensão segue sendo a mesma: derrubar o governo "ilegítimo" de Lula, mas agora "nas ruas".
Talvez com apoio do quarteto mágico estampado nas camisetas e bandeiras que dominavam a manifestação: Israel, Estados Unidos sob Trump, Argentina sob Milei e Neymar Jr., o maior dos influencers bolsonaristas.
A julgar pelo que se viu na Paulista até as 13 horas, Jair Bolsonaro preserva sua capacidade de mobilização: havia centenas de pessoas vindas de outras cidades, até mesmo do Mato Grosso.
"Lula, ladrão, seu lugar é na prisão", entoado por milhares de pessoas, mostra que o 8 de Janeiro segue vivo, embora sob cerco.
Desiludidos com os militares e sob cerco da Polícia Federal, bolsonaristas parecem contar agora com apoio externo para devolver o "Mito" ao poder.