ORCRIM BOLSONARISTA

Bolsonaro surta com gravação de reunião das "rachadinhas" feita por Ramagem: traição

Ex-presidente teria reagido aos berros ao provar do próprio veneno. Fiel escudeiro, Ramagem gravou reunião em que Bolsonaro pede para "achar podres" de servidores da Receita que desnudaram esquema corrupção no gabinete de Flávio

Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem.Créditos: Flickr / Bolsonaro
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Jair Bolsonaro (PL) teve um ataque de fúria ao provar do próprio veneno, revelado no relatório da Polícia Federal (PF) que escancarou a estrutura da Organização Criminosa montada pelo ex-presidente na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que ficou conhecida como Abin Paralela.

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O ex-presidente teria surtado e reagido aos berros ao se deparar com a informação de que o então chefe da Abin, Alexandre Ramagem (PL-RJ) - fiel escudeiro do clã desde a campanha de 2018 -, teria feito uma gravação de 1 hora e 8 minutos da reunião em que ele tratou com o general Augusto Heleno para "achar podres e relações políticas" dos agentes da Receita Federal (RF) responsáveis pelo relatório que identificou o esquema de corrupção das "rachadinhas" no gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Segundo a PF, a reunião entre o "então Presidente da República Jair Bolsonaro, GSI Augusto Heleno e possivelmente advogada do senador Flávio Bolsonaro" foi "possivelmente gravada pelo Del. Alexandre Ramagem".

"Neste áudio é possível identificar a atuação do Del. ALEXANDRE RAMAGEM  indicando, em suma, que seria necessário a instauração de procedimento administrativo contra os auditores da receita (Escor07) com o objetivo de anular a investigação, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos", diz o relatório.

A apreensão e a fúria de Bolsonaro se dá porque a PF ainda não divulgou o conteúdo da reunião de 25 de agosto de 2020 - transcrito na IPJ N° 2404151/2024.

Segundo informações de Bela Megale, aliados teriam dito que Bolsonaro reagiu aos gritos e mostrou indignação por ter sido alvo da arapongagem por ele próprio para investigar desafetos, jornalistas, adversários e até aliados políticos.

Em meio ao ataque de fúria, Bolsonaro teria questionado como o chefe da Abin grava um presidente, em mais um arrombo de soberba.

A fúria de Bolsonaro se dá porque a divulgação do conteúdo pode colocar em xeque a estratégia de defesa, de montar uma narrativa "generalizada sem especificar com detalhes" as provas obtidas pela PF nos diversos inquéritos que o investigam.

A estratégia passa por profundar a propagação da narrativa vitimista, mantendo a horda de extremistas mobilizada para criar caos político, caso seja preso.

No entanto, o conteúdo da reunião em que pede pessoalmente para a Abin "achar os podres" dos servidores da Receita para interferir na investigação sobre corrupção contra o filho pode provocar uma hecatombe e atingir até mesmo os radicais que o apoiam.

Nesta quinta-feira (11), após a divulgação da informação, Flávio Bolsonaro tentou minimizar o caso, dizendo que "nada mudou no Rio" - em relação à candidatura de Ramagem à prefeitura com o apoio do clã - e que a PF faz "tempestade em copo d’água".

"Nada mudou no Rio. Temos a convicção que estão fazendo tempestade em copo d’água. Não tem nada de ilegal ou errado de toda essa situação envolvendo a Abin. Temos a consciência de que, diferentemente do atual governo, não usamos o aparato público para perseguir opositores político", disse o senador a'O Globo.

No entanto, a declaração é uma forma do próprio Flávio tentar colocar panos quentes na situação que ele mesmo criou. 

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