ESPIONAGEM ILEGAL

Ramagem postou em redes sociais imagens feitas por drones da Abin

Uso de imagens obtidas para fins particulares revela desvio de finalidade; segundo PF, ação visava fomentar ataques ao sistema eleitoral

Créditos: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
Escrito en POLÍTICA el

O deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem (PL-RJ), autorizou que drones da agência acompanhassem manifestações em defesa do voto impresso e motociatas a favor do então presidente Jair Bolsonaro (PL) e utilizou as imagens em suas próprias redes sociais.

A utilização das imagens obtidas para fins particulares revela desvio de finalidade e o uso por parte de Ramagem consta no relatório final da Polícia Federal (PF) a respeito do esquema de espionagem ilegal na gestão bolsonarista.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Segundo a PF, um agente afirmou em depoimento que as imagens eram produzidas para "consumo interno" e eram destinadas à "segurança do presidente".

A prática de Ramagem, conforme o depoente, causava "desconforto na equipe responsável". "O pessoal ficava chateado porque o trabalho estava sendo utilizado para uso pessoal", relatou.

Os atos acompanhados pelos drones foram realizados em 10 de julho de 2021, em motociatas com Bolsonaro, e em 31 de julho, quando o presidente e manifestantes pediram  “voto impresso”.

Núcleo político

Conforme a investigação da PF, as imagens beneficiariam diretamente o “núcleo político” do esquema, um dos seis relatados pela apuração.

Este núcleo era composto por Jair Bolsonaro e seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), e, conforme a Polícia Federal, era responsável por definir as diretrizes estratégicas da organização criminosa, "determinar os alvos das ações clandestinas (opositores, instituições, sistema eleitoral) e se beneficiar politicamente das operações".

"O ataque ao sistema eleitoral, também, contou com o produto da estrutura paralela, por exemplo, no uso de imagens de drones para fins políticos partidários por exemplo para defesa do voto impresso. Não somente de drones, mas, também, de câmeras instaladas em todos os ministérios", pontua o relatório final da PF.

 

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