Obsessão dos bolsonaristas, voto impresso é rejeitado pela maioria em consulta pública do Senado

Bolsonaro e sua claque retomaram com força a pauta do voto impresso e "auditável" principalmente após a retomada dos direitos políticos do ex-presidente Lula

Bolsonaro vota nas eleições de 2018 (Foto: Tania Rego/Agência Brasil)
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Nos últimos dias, o presidente Jair Bolsonaro, deputados governistas e bolsonaristas como um todo retomaram com força a pauta do voto impresso. O titular do Planalto, que já aventou a possibilidade de fraude na eleição pela qual ele mesmo se elegeu, voltou a falar mais do assunto principalmente depois que o ex-presidente Lula retomou seus direitos políticos e passou a aparecer na liderança em pesquisas de intenção de voto para a presidência em 2022.

Temendo uma derrota, Bolsonaro insiste em querer voltar no tempo e instituir o voto impresso no país. Como a possibilidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de acatar a proposta é remota, especula-se que o presidente, caso perca a eleição, tente tumultuar a posse de seu possível sucessor, assim como fez Donald Trump nos Estados Unidos.

A urna eletrônica no Brasil, diferente do que diz Bolsonaro, é considerada extremamente segura e o processo eleitoral já é auditado com inúmeras ferramentas, como o registro digital do voto, log da urna eletrônica, auditorias pré e pós-eleição, auditoria dos códigos-fonte, lacração dos sistemas, tabela de correspondência, lacre físico das urnas, identificação biométrica do eleitor, auditoria da votação e oficialização dos sistemas.

Em meio à repercussão do assunto com a insistência dos bolsonaristas, o Senado Federal, assim como faz com outras proposições apresentadas na Casa, abriu uma consulta pública no site E-Cidadania sobre o voto impresso. Até às 9h15 deste sábado (8), a maioria da população havia votado "não" para a proposta.

Reprodução/E-Cidadania

PSDB rebate Bolsonaro sobre fraude

O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, afirmou à coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, na noite desta sexta-feira (7), que seu partido reconhece o resultado eleitoral que deu vitória à Dilma Rousseff (PT) na eleição presidencial de 2014.

A fala se trata de uma resposta a Jair Bolsonaro, que recentemente, a interlocutores, afirmou ter “provas” de que Aécio Neves (PSDB) teria vencido a petista no pleito.

“Reconhecemos todos os resultados eleitorais e a segurança das urnas eletrônicas”, declarou o tucano.

Após a eleição de 2014, o PSDB chegou a pedir auditoria das urnas, que confirmou a vitória de Dilma. A legenda, agora, procura contrapor as teses de fraude encampadas por Bolsonaro.

“Ela [a auditoria] foi feita. E o resultado foi reconhecido. Não há a menor contestação. Participamos da sessão do Congresso Nacional que deu posse a ela sem qualquer protesto”, completou Araújo.

Com medo de derrota, Bolsonaro intensifica tese de fraude

Bolsonaro voltou a defender o voto impresso durante transmissão ao vivo realizada nesta quinta-feira (6). O mandatário atacou o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), e disse que, se o Parlamento aprovar, “vai ter voto impresso e ponto final”.

“Alguns acham que pode ter fraude apenas pra presidência… Se enganam. Pode ter pra senador, pra deputado federal e deputado federal. E se vier um ‘Fraudão’ aí, vai reclamar com quem? Com o Papa?”, afirmou o presidente, fazendo campanha para o projeto de lei de autoria da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF).

“Se o Parlamento brasileito, por maioria qualificada, aprovar e promulgar, vai ter voto impresso em 2022 e ponto final. Não vou nem falar mais nada. Vai ter voto impresso. Se não tiver voto impresso é sinal de que não vai ter eleição. Acho que o recado tá dado”, completou.

A declaração foi dada pelo presidente após ele comentar sobre uma fala de Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de que a aprovação do voto impresso poderia “criar o caos” “Acho que ele é dono do mundo, o Barroso. Só pode ser. O homem da verdade absoluta, não pode ser contestado. Estou preocupado, se Jesus Cristo baixar aqui na Terra, ele vai ser boy do ministro Barroso. Ninguém aceita mais esse voto que esta aí”, declarou o presidente.