ALZHEIMER

Mulheres têm mais chance de desenvolver Alzheimer, diz Harvard; entenda por quê

Estudos sugerem que mulheres têm até dois terços mais chances de desenvolver Alzheimer em relação a homens; essa incidência "sugere que dever haver uma interação específica entre a doença e o gênero", diz a publicação

imagem gerada artificialmente.Créditos: Pixabay
Escrito en SAÚDE el

De acordo com uma publicação da Universidade de Harvard, pessoas do sexo feminino têm mais chances de desenvolver Alzheimer, doença neurodegenerativa que afeta o sistema nervoso, causando a morte progressiva dos neurônios e o desenvolvimento de problemas de função mental. 

A cada mil mulheres, pelo menos 13 desenvolvem Alzheimer, de acordo com um estudo que avaliou a incidência da doença na Europa, publicado na National Library of Medicine. A incidência, no caso masculino, é de apenas 7 homens a cada 1.000.  

E, a cada 6,2 milhões de pessoas a sofrer da doença nos EUA, com 65 anos ou mais, quase dois terços são mulheres (cerca de 4,13 milhões).

Mas por que essa diferença existe?

Existem alguns motivos, informa o centro de estudos em saúde da universidade. 

O primeiro motivo tem a ver com a longevidade: já que mulheres tendem a viver mais do que homens, e o fator de risco da doença é a idade avançada, a probabilidade se torna maior no caso delas. 

76 de cada 1.000 pessoas com 85 anos ou mais desenvolvem Alzheimer anualmente, uma taxa significativamente maior em relação às pessoas entre 65 e 74 anos (que é de 4 a cada 1.000). 

Além disso, um estudo sueco que acompanhou 16.926 pessoas descobriu que, a partir dos 80 anos, a faixa etária de maior risco, as mulheres tinham uma propensão maior a receber o diagnóstico de Alzheimer em comparação aos homens da mesma idade. 

A mesma coisa foi descoberta num estudo taiwanês, que aponta que as chances de mulheres desenvolverem a doença ao longo de um período de sete anos eram relativamente maiores que as dos homens

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E por que o Alzheimer se destaca? 

De acordo com a Universidade de Harvard, não há tantas incidências de que doenças neurodegenerativas que não são o Alzheimer atingem mais mulheres do que homens. Isto é, as estimativas costumam variar em taxas iguais entre homens e mulheres para todas as doenças que afetam as atividades neuronais, exceto o Alzheimer. Essa disparidade "sugere que deve haver uma interação específica entre a doença de Alzheimer e o gênero". 

Uma sugestão relaciona a natureza do Alzheimer a uma outra condição "feminina": a propensão às doenças autoimunes.

Já que o Alzheimer é uma espécie de "subprotudo do sistema imunológico cerebral", por ter um componente patológico que combate infecções no cérebro (o amilóide), é mais provável que mulheres desenvolvam a doença. 

Mulheres têm até duas vezes mais chances de ter uma doença autoimune em comparação aos homens, aponta Harvard; e a razão para isso é provavelmente seu sistema imunológico mais forte. 

Além disso, muitas doenças autoimunes são mais comuns durante a gravidez, quando surgem para combater infecções e proteger o feto. 

"Assim, como parte de seu sistema imunológico mais forte, as mulheres podem acabar tendo mais placas amilóides que os homens".

Por saber disso, é recomendável que mulheres iniciem exercícios aeróbicos (como caminhada, corrida, ciclismo ou natação) logo cedo, com uma prática diária de pelo menos 30 minutos. 

A alimentação também é importante: uma dieta rica em vitaminas e gorduras boas, com grãos, frutas e vegetais, além de proteínas magras, como peixes, é essencial para manter a saúde cerebral. 

É preciso, além disso, dormir bem e participar de atividades cognitivamente estimulantes, afirma Andrew E. Budson, neurologista da Harvard Medical School.

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