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Análise Quaest: Em votos válidos, Lula já tem 65% entre eleitores mineiros de baixa renda

A pesquisa divulgada hoje pela Quaest em Minas Gerais traz excelentes notícias para Lula, para Kalil e, sobretudo, para a aliança entre os dois. Na espontânea, o petista sobe para 29%, Bolsonaro chega a 21%. Ciro está parado com 1%. Com apoio de Lula, Kalil tem 53% dos votos válidos.

Créditos: Divulgação
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Apesar de ainda não ter sido formalizada, a aliança entre Lula e Kalil já é uma realidade política. A primeira declaração de amor foi postada ontem pelo próprio ex-prefeito de Belo Horizonte, em suas redes sociais.

No vídeo, Kalil declara categoricamente o seu desejo de fazer "aliança formal" com o ex-presidente, além de desfiar uma série de elogios ao petista, ao mesmo tempo em que, astuciosamente, procura preservar sua própria identidade ao afirmar que "não é um clone" de Lula.

A pesquisa divulgada hoje pela Quaest em Minas Gerais, de qualquer forma, traz excelentes notícias para Lula, para Kalil e, sobretudo, para a aliança entre os dois.

Lula mantém a liderança isolada em Minas. O ex-presidente subiu dois pontos na espontânea e já tem 29% dos votos, 8 pontos acima de Bolsonaro.

Na estimulada, o ex-presidente Lula oscilou 2 pontos para baixo, dentro da margem de erro, e tem hoje 44% dos votos totais (o que corresponderia a mais de 50% dos votos válidos) e ainda mantém uma larga vantagem de 16 pontos sobre Bolsonaro, que ganhou 7 pontos e atingiu 28%.

A terceira via desidratou em Minas: a soma de todos os outros despencou de 19% em março para 12% em maio. Esses foram os votos que migraram para Bolsonaro.

Ciro Gomes ficou estagnado em 5% de março para maio.

Lula ganha em todas as três principais regiões, capital, região metropolitana e interior. A região metropolitana não inclui a capital (confirmei essa informação com o próprio Felipe Nunes, CEO da Quaest).

E aqui vemos a força da aliança Lula X Kalil.  O petista lidera no interior do estado com 44%, contra 28% de Bolsonaro.

O grande desafio, para Kalil, é exatamente conquistar o voto do interior, onde ele tem apenas 20%, e tirar voto de Zema, que tem 49% na região.

Por outro lado, Kalil é mais forte que Lula na capital e na região metropolitana, onde ele pontua 52% e 50% respectivamente, contra 42% e 46% do petista.

A chave da aliança, portanto, é esse reforço mútuo: Lula ajuda Kalil a ganhar votos no interior, e Kalil ajuda Lula a consolidar seu eleitorado na capital e região metropolitana.

Kalil também ajuda Lula a ganhar votos na classe média mineira, e não apenas na capital e na região metropolitana, ao passo que Lula ajuda Kalil a espalhar sua mensagem para os setores de baixa de renda do norte e zona da mata.

O interior de Minas Gerais concentra 69% dos eleitores. Não é possível almejar o Palácio Tiradentes sem conquistar as cidades pequenas e médias mineiras.

Na média dos cenários, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, cresceu 3 pontos desde março, e tem hoje 30% das intenções de votos dos mineiros.

O atual governador, Romeu Zema, que tenta a reeleição, ficou parado em 41%. Com isso, a vantagem de Zema caiu de 13 pontos em março para 9 pontos em maio.

No cenário de segundo turno das eleições presidenciais, Lula continua ganhando com folga entre os eleitores mineiros. Num embate contra Bolsonaro, o petista tem 54% contra 32% de Bolsonaro.

A vantagem de Lula é maior entre mulheres mineiras, entre as quais ele tem 45% no primeiro turno, mais de 20 pontos à frente dos 23% de Bolsonaro. Mas o petista também lidera isolado entre homens, com 44%, contra 33% de Bolsonaro.

Na estratificação por renda, a vantagem de Lula sobre Bolsonaro é impressionante entre as famílias mineiras de baixa renda, entre as quais o petista atinge 55% dos votos totais, quase 40 pontos à frente dos 18% de Bolsonaro.

Neste segmento, de eleitores com renda familiar abaixo de 2 salários, Ciro Gomes tem apenas 3%, abaixo de Janones, com 5%.

Em votos válidos, Lula já tem 65% dos votos válidos entre os mineiros de baixa renda, mais de 40 pontos à frente de Bolsonaro.

No cruzamento dos dados de intenção de voto para este ano com o voto do eleitor mineiro em 2018, os principais trunfos de Lula são:

Quase todos os votos de Haddad (80%) estão indo para Lula, e apenas 6% para Ciro.

Bolsonaro conseguiu manter pouco mais da metade (53%)de seus eleitores de 2018.

24% de quem votou em Bolsonaro vai de Lula esse ano e 5% de Ciro.

Lula está recebendo a maior parte de quem votou nulo ou não foi votar em 2018: 44% e 49%, respectivamente.

Num eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o petista recebe 48% dos votos de quem votou em Ciro no primeiro turno (21% dos ciristas mineiros votam em Bolsonaro no segundo turno, e outros 30% disseram que anularão ou não irão votar).

Voltando à disputa pelo Palácio Tiradentes, alguns pontos que merecem destaque.

Um percentual ainda muito grande (35%) de eleitores de Lula votam no atual governador Romeu Zema. Esse número tende a diminuir, na medida em que ficar mais claro, para o eleitor, que o candidato apoiado por Lula é Alexandre Kalil.

Kalil recebe também 51% dos votos de quem vota em Ciro Gomes.

A propósito, a pesquisa mediu o valor do apoio de Lula em votos: quando o eleitor é informado que Kalil é o candidato apoiado por Lula, ele ganha 13 pontos e salta para 43%.

Zema segue o caminho contrário: quando o eleitor é informado que ele é apoiado por Bolsonaro, perde quase metade de seus eleitores, e vai para 22%.

Em votos válidos, Kalil chega a ter 53% com apoio de Lula, contra 27% de Zema.

Por fim, a pesquisa mediu o grau de decisão do eleitor mineiro, e descobriu que 56% dos eleitores de Zema ainda podem mudar de voto, o que é outro sinal promissor para Kalil.

A íntegra da pesquisa Quaest, edição de maio, em Minas Gerais pode ser baixada aqui.