Planos de Saúde: Quando o remédio (deles) custa 2 bilhões

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O atendimento é uma desgrama. Na esteira dos últimos anos brasileiros, quando consumidor e cidadão viraram termos sinônimos, pagar (muito) pra morar, pra circular, pra estudar, pra amar, pagar pra não pensar... entram como ar poluído pelos músculos e pesadelos entravados pelos ossos. Se nas veias circula a comida mequetrefe e plástica vendida em multicores nas tocaias da propaganda, a indústria dos remédios sempre tem um comprimido pra nosso inchaço, um conta-gotas pra costela curvada da humilhação cotidiana. Pode esperar umas horas ou estações a mais, mas virá a cartela pra quem pagar. Os planos de saúde fizeram milionários nos anos 90. Corretores empapuçaram de comissões, gerentes rodaram a banca no cassino da saúde privada. Colado nisso veio uma batelada de processos contra restrições, atrasos, falta de mínimo atendimento e carências abusivas. As falcatruas, a tristeza e o desprezo de agências privadas de saúde não são segredo de nenhum cliente. Milhares ou milhões de processos rolando por indenização, como se familiares ou pedaços caídos do corpo pudessem mesmo, um dia, ter cotação definida. Assim como as seguradoras ensinam. Por tanto desrespeito e após muita insistência as companhias de saúde particular, campeãs nas listas de reclamação popular, acumularam bilhões de reais pra pagar, resultados de multas e processos. Mas qual seria a vacina para seus bolsos, ora pois? O tratamento a médio e longo prazo? Simples: Bancar milhões em eleições de deputados e senadores amigos. 7 milhões numa eleiçãozinha aqui, 12 milhões em outra ali. Mais fichas coloridas na roleta, no cassino da saúde. Os toletes de dinheiro direcionados para seus cupinchas são investimento, como os que faz quem contrata ( ou melhor: despede) funcionários pro seu telemarketing, tabelando despesas. Se há clientes otários penando atrás de informação mínima sobre rede hospitalar, aumentos de taxas não avisados e reformulações vampiras nos contratos, os doutores graúdos tem que circular com suas valises brindando nos jantares certos. O que são 20 milhões para empresas desse naipe? Se para a maioria da população é grana que nem se concebe pra uma vida inteira, pras bancas do remédio contratado é só um investimento. Neste começo de abril tiveram 2 bilhões de dívidas perdoadas nas altas cúpulas do senado em Brasília... Foto: Pixabay