10 anos sem Edward Said

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Por Thomas Farran
Hoje faz 10 anos da morte de Edward Said, intelectual palestino e ícone tanto no meio ativista, quanto no meio acadêmico.
Nascido a 1 de Novembro de 1935, em Jerusalém na Palestina, foi um dos tantos palestinos expulsos de sua terra durante a criação do Estado de Israel, em 1947, juntamente com a sua família. Após se mudar para o Egito, onde frequentou a notória filial egípcia do Victoria College em Alexandria, Said transferiu seus estudos de forma a se completarem nos Estados Unidos.

Mais tarde, Edward Said viria a ser referência no campo político, intelectual, musical e literário nos Estados Unidos e a se tornar professor de Literatura Inglesa e Comparativa na Universidade de Columbia e um dos fundadores da Teoria Crítica do Pós-colonialismo. Além disso era uma um bem sucedido pianista fundando também a West-Eastern Divan Orchestra, juntamente com Daniel Barenboim.
Seus trabalhos, como os intemporais «Orientalismo», «A Questão Palestina», «Covering Islam» e «Cultura e Imperialismo», e seu trabalho no campo do ativismo político em nome dos direitos dos Palestinos, lhe renderam ao longo dos anos (e inclusive após sua morte) não só homenagens e lembranças, mas também ofensas e ataques. Desde de ser comparado à Nazis, pela infame Jewish Defense League, por sua atuação anti-sionista até ameaças de morte contra a sua família e um ataque incendiário ao seu gabinete na Universidade de Columbia.
Crítico ferrenho das políticas externas norte-americanas, inclusive da invasão do Iraque em 2003, Said foi espionado pelo governo americano desde 1971 até sua morte, como revelado em 2006 pelo antropologista David Price que teve acesso ao dossiê de 283 páginas compilado pelo FBI.
Ainda assim, Said não apenas resistiu como foi reconhecido tendo ao longo de sua carreira colecionado cerca de 20 títulos acadêmicos honorários, inúmeros prêmios literários e até mesmo um prêmio Bowdoin da Universidade de Harvard, apesar da oposição.
Em 2003, em conjunto com Haidar Abdel-Shafi, Ibrahim Dakak e Mustafa Barghouti estalebece a organização politica al-Mubadara, como uma alternativa política democrática e reformista na Palestina, e que desafiaria a divisão Fatah x Hamas.
Naquele mesmo ano, Edward Said faleceria após uma batalha de 12 anos contra a leucemia.
Mais do que livros, títulos e prêmios, é seguro afirmar que o maior legado de Edward Said é a paixão e inspiração, para os palestinos e para o mundo.