Mitos do Oriente Médio 2

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"Existe hoje uma língua árabe, falada do Marrocos ao Iraque."


  Aquilo que constitui uma «língua» é uma questão aberta ao debate. Mas, segundo qualquer critério linguístico convencional, com especial evidência para o da inteligibilidade mútua na linguagem falada, não existe uma, mas sim várias línguas árabes.
A língua das cerimônias oficiais e da mídia, o Árabe Padrão Moderno (MSA), é uma forma distinta em si mesma e é comum a todos os estados, mas está longe de corresponder, mesmo aproximadamente, às formas faladas, sendo que essas últimas apresentam um enorme grau de variação do Marrocos ao Egito, e do Iraque ao Iêmen.
  Os primeiros linguistas do árabe moderno reconheceram isto e tentaram adaptar a língua falada e escrita em cada país, mas a intensa atmosfera de nacionalismo e de discussão religiosa em torno dessas questões tornou, em anos recentes, muito mais difícil o reconhecimento do problema, quanto mais a implementação de soluções ou mudanças. Daqui resulta uma região dominada por uma ficção linguística ortodoxa, quando na prática é a diglossia - a necessidade do domínio de duas línguas diferentes, a língua falada e a língua escrita ou padrão - que prevalece. (Para uma discussão mais aprofundada, leia o trabalho do Professor Yasir Suleiman, The Arabic Language and National Identity, Georgetown University Press, 2003)


A série "Mitos do Oriente Médio" é baseada na obra «100 Myths about the Middle East» de Fred Halliday.