Novo relatório da Anistia Internacional condena assassinatos de civis palestinos por Israel, e pede por pressão internacional

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Por Ben White

Os assassinatos de civis palestinos por forças israelenses é o tema de um novo revelador relatório da Anistia Internacional, cujo documenta como "um insensível desprezo pela vida humana" e "contínuas matanças e abusos dos Direitos Humanos" nos territórios ocupados.


O novo relatório, 'Trigger-happy: Israel's use of excessive force in the West Bank' (Algo como: 'Dedo-leve: o uso excessivo de força de Israel na Cisjordânia'), investiga a morte de civis palestinos, "inclusive crianças", durante um período de 3 anos - indivíduos assassinados pelo exército de Israel operando com "quase total impunidade".

Dado o uso de "força desnecessária, arbitraria, e brutal", incluindo evidência de "mortes intencionais" as quais constituem "crimes de guerra", a Anistia pede à comunidade internacional "para que suspenda toda transferência de munições, armas, e outros equipamentos para Israel".

Outra recomendação é para que as autoridades palestinas assinem e ratifiquem o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (TPI). A anistia também pede para os EUA e para os estados-membros da UE para que "se oponham à qualquer tipo de sanções ou pressões que procurem prevenir a Autoridade Palestina de assinar ou ratificar qualquer tratado internacional".

Recentemente foi revelado que oficiais do governo israelense estão preocupados com o "perigo" que representam potenciais apelos palestinos para o TPI, um desenvolvimento considerado "potencialmente muito significante".

De acordo com Philip Luther, diretor de programa da Anistia Internacional para o Oriente Médio e Norte da África, o novo relatório "apresenta um quadro de evidências que mostra um padrão agonizante de assassinatos ilegais e agressões não autorizadas à civis palestinos", com a "frequência e persistência do uso abusivo e arbitrário de força contra manifestantes pacíficos" sugerindo que essas medidas "são tomadas como matéria de política".

O relatório completo pinta uma figura sinistra da vida dos palestinos sob o regime de apartheid imposto por Israel: nos últimos três anos, pelo menos 261 palestinos, incluindo 67 crianças, foram seriamente feridos por munições letais usadas por forças israelenses, enquanto mais de 8,000, incluindo 1,500 crianças, foram feridos por outros métodos, como projéteis de metal revestidos em borracha, e gás lacrimogênio. A Anistia nota que "muitos foram atingidos pelas costas, o que sugere que foram atingidos enquanto tentavam fugir".

Os estudos de caso incluem a morte de Waji al-Ramahi, de 15 anos, no dia 9 de dezembro de 2013, atingido pelas costas por um soldado israelense a uma distância não superior à 200 metros, nas proximidades do campo de refugiados de Jalazun, perto de Ramallah. O documento também incluí o caso da morte de Lubna Hanash, no dia 23 de janeiro de 2013, estudante do segundo ano do curso de Direito na Universidade al-Quds, que "parecia ter um ótimo futuro à frente, até o momento que foi atingida por um projétil no lado esquerdo de seu rosto".

A Anistia também documenta o caso de Samir Awad, jovem de 16 anos da vila de Budrus, alvejado fatalmente perto de sua escola, com 3 tiros nas partes de trás da cabeça, perna e ombros "enquanto fugia de uma emboscada de soldados israelenses ao seu grupo [de amigos que protestavam o muro]".

A Anistia Internacional acredita que a morte de Samir caracteriza uma execução extrajudicial, ou assassinato ilegal, os quais são considerados crimes de guerra segundo o direito internacional.

O relatório da Anistia contextualiza os protestos palestinos como uma resposta à "prolongada ocupação israelense e um conjunto relacionado de politicas repressivas", incluindo

Os sempre expansivos colonatos ilegais israelenses, o muro/cerca de 800 km de comprimento, demolições forçadas de casas, despejos forçados, checkpoints militares israelenses, estradas reservadas para uso exclusivo de colonos israelenses as quais os palestinos são excluídos, e outras restrições aos movimentos dos palestinos.

O relatório foi publicado enquanto ativistas marcam a «Semana do Apartheid Israelense», com eventos em todo o Reino Unidos, e internacionalmente. No dia 21 de março, Dia Internacional da Erradicação da Discriminação Racial, a segunda edição do meu livro 'Israeli Apartheid: A Beginner's Guide' será lançado em um evento na Anistia do Reino Unido, presidido pelo ex-redator-chefe do jornal The Guardian David Hearst.

Para ler o relatório (em inglês), clique aqui.




*O artigo foi originalmente escrito em inglês para o site Middle East Monitor, e pode ser lido aqui.