Os baluartes da democracia

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Por Thomas Farran
A revolução egípcia, cooptada pela corrupta Irmandade Muçulmana e aparentemente assassinada pelos militares e seus apoiantes, parece atingir um novo baixo.
Denúncias apontam para o envolvimento de países terceiros, nomeadamente Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, nos assuntos internos do país em forma de pressão para a libertação de Mubarak e com o fornecimento de armas e equipamentos para reprimir os protestos pós-golpe.

Não obstante a pressão para a libertação do ditador, em entrevista com um confidente do presidente deposto divulgada ontem pela Youm 7, ainda é revelado que uma soma milionária foi oferecida pelo governo saudita ao então Marechal Tantawi pela mesma.
Em detalhes é contado que como parte dessa "fiança" saudita, foram dados pelo médico pessoal de Mubarak cerca de E£800m para um jornal egípcio.
As denúncias acompanham outra, que envolve a monarquia emirati e as autoridades egípcias. 
Em um acordo envolvendo autoridades de ambos os países, admitido por Ahmed Shafiq (ex-candidato à presidência e mediador do acordo), era coberto todo um fornecimento de equipamento militar e tático, assim como armamento para lidar com as manifestações após o golpe de 3 de Julho.
Como resultado, uma equipe de juristas foi formada, e anunciou que uma corte internacional planeja processar criminalmente um conjunto de sheiks, príncipes e altos oficiais dos Emirados Árabes, assim como oficiais egípcios e al-Sisi. O processo não visará apenas punir os envolvidos, mas também cancelar todas as vendas de equipamentos militares para os Emirados, e averiguar a possível ligação dos equipamentos e armas fornecidas para o Egito na ação militar que resultou em massacre na Raba'a al-Adawiyya.
O envolvimento desses países com autoridades e ativistas egípcios, para o "restauro da democracia" não é novidade: Mahmoud Badr, líder do aclamado Tamarrod, reconheceu o apoio saudita à sua causa e não se intimidou em se encontrar com autoridades emiratis no passado.
Apesar das investigações abertas contra ativistas por suspeita de associação à estrangeiros e espionagem, certas relações parecem não valerem a pena serem checadas.