Ativesevocêtambém.com

Escrito en BLOGS el


Sabem que há algum tempo surgiu essa loucura chamada internet, não é? E com muita sorte – e políticas públicas para inclusão digital – a bichinha se popularizou e ainda tem popularizado cada dia mais. Isso é exatamente o que permite que você esteja lendo esse meu texto agora, mesmo que eu nunca tenha te visto na minha vida. Loucura, né?

Querendo ou não, a internet é uma tremenda forma de democratização da informação (embora ainda não seja acessível para todos), no sentido de que não aumentou apenas a quantidade de pessoas que escuta, mas sim a que fala. A internet tirou das mãos da grande imprensa a possibilidade de nos informar ao seu bel-prazer e nos permitiu não só conhecer mais sobre mais assuntos, mas também fazer os assuntos. Aqui nós pautamos.
Os chamados “ativistas de internet/sofá” usam a rede de uma forma útil e produtiva para disseminar suas ideologias, fortalecer sua causa e argumentar a favor delas. Essa “modalidade” de ativismo tem sido alvo de diversas críticas. Acredita-se que falam muito, mas que na “vida real” não estão fazendo nada sobre o assunto, nada “para mudar de verdade”.

Ok, então vamos conversar: Primeiro que já passou da hora dessa dicotomia entre mundo real x mundo virtual deixar de existir, não é minha gente? Por favor, já está claro que vivemos em uma época histórica em que as duas coisas se fundem e o mundo como conhecemos hoje só existe dessa forma. O virtual e o real não existem, ambos influenciam, espelham e interferem um no outro. Para mim funciona como se colocassem em dois pólos distintos a “vida” e a “arte” (e por arte aqui entendam todas as possibilidades de manifestação desta), não é óbvio que eles não só influenciam um no outro como coexistem de forma homogênea? Pois é.

Além disso, quem critica essa forma de ativismo está se esquecendo de algo primordial: O poder do discurso. Minha gente, vocês estão achando que um dia as mulheres se encontraram no meio da rua e rolou um “então, não to fazendo nada, vamos ali queimar os sutiãs?” NÃO GALERA. Antes disso elas falaram. E falaram muito. A gente modifica o mundo ao nosso redor quando começa a questioná-lo e a melhor forma de questioná-lo é falando, perguntando, trocando informações e por fim, claro, disseminando, compartilhando, porque o povo tem poder. Ou seja, qualquer manifestação e mudança que não tenha caráter ditatorial só acontece depois das pessoas falarem muito a respeito.

O discurso é a base da educação, ele é o que dissemina informação, conhecimento, fortalece ideias ou mesmo preconceitos. O corpo e a voz são as armas mais poderosas que nós temos, vide censura como forma de controle. Não é só o que alguém faz que pode ameaçar a hegemonia dominante, caso fosse nossa ditadura militar não teria se dado ao trabalho de proibir músicas, poesias e outras formas de expressão. Tudo isso demonstra o quanto um discurso é poderoso, feito em suas mais variadas formas.

Ora e se a internet é hoje a melhor forma das pessoas compartilharem sua opinião de maneira massiva (atingindo maior número de pessoas em menos tempo), por favor me expliquem qual o erro em discursar por meio dela? Ativismo de sofá nada mais é do que a fala de anos atrás no mundo de hoje. Quem fica atrás de um computador digitando o dia todo está sim fazendo muita coisa pela sua causa. Está disseminando as dúvidas e as conclusões a respeito de um determinado assunto e, por consequência, fazendo aqueles que acessam o que foi dito por ele se questionarem também. E, como eu já disse, esse é o princípio da mudança do mundo (por mais utópico que isso possa soar).

Luta é fenômeno interespacial: Revolução nas ruas, nas praças, nas casas, nas camas e na rede.