Vivência não monogâmica para mulheres

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Texto de Kel Campos
Alerta: esse não é um texto heteronormativo. Mas, a situação relatada ocorre, predominantemente, em relacionamentos entre homens e mulheres. 
 
 
Eu sei que existem pessoas que desconhecem a não monogamia como um modo de se relacionar afetiva/sexualmente. Não há unanimidade nem mesmo nos moldes de relacionamentos entre quem pensa que a monogamia não é uma opção. E sei que há um grande grupos de pessoas que rechaça a ideia que a ausência de exclusividade pode trazer em uma relação. Essa postagem não trata dessa situação como escolha ou compulsoriedade. Ela fala de violência.
 
Se você é mulher não monogâmica, já deve ter sentido o peso dessa subversão. O julgamento inicial que o patriarcado proporciona é de que você compõe o grupo de mulheres vadias que não merece nenhum respeito. Um carimbo de que não é mulher séria, que não merece casar (mesmo que muitas de nós não esteja interessada), de libertina.
 
Entenda, eu não tenho absolutamente nada contra a liberdade sexual das pessoas. Liberdade de fazer sexo por sexo. De querer sexo descomplicado (o tal “sexo fácil”). De desvincular romantismo desse assunto. Não falo do medo moralista da expressão “libertinagem”. Sem higienismo. Liberdade engloba tudo isso aí.
 
Eu presumo que desses julgamentos você já saiba se proteger. É da sua natureza livre.
O problema é quando aquele homem, que se afirma seu aliado na contestação da monogamia, que está ali pra caminhar do seu lado, te impõe uma série de regras de comportamentos para que você seja alocada na casinha das libertárias. Ele vai te julgar por não querer alguma prática. Ou vai te condenar por dizer não. Te chamar de frígida talvez, pode até questionar sua autenticidade no movimento. Ele vai tentar te diminuir até que você diga sim. 
 
Deveria ser obrigatório, antes de adentrar em meios não monogâmicos, que o homem tivesse noções de feminismo. Que soubesse que a monogamia foi uma imposição para controlar a sexualidade da mulher com o intuito de assegurar a transmissão da propriedade aos seus. Eu acredito que amenizaria as reclamações, recorrentes, de companheiras assediadas sob essa alegação. Mulheres que tiveram seus corpos e sua integridade desrespeitada.
 
Mulher, se empodere! Use as armas que o feminismo lhe trouxe. Não permita que te imponham conceitos equivocados sobre liberdade, que ditem o que você deve ou não fazer, que te empurrem uma validação dispensável.
 
Sexualidade compulsória é violência, sabia? Das bravas. Boicote os assimilacionistas.