Sobre o Oscar, representatividade e os sorrisos e xingos para Chris Rock

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Nas últimas décadas minguou geral a confiança em democracia eleitoreira (ainda sem alternativas consolidadas pras tocaias que vem daí). Também perdeu força demais os movimentos do chão, da rua e da mata, por muitos motivos, apesar da tanta resistência comunitária em saúde, moradia e educação que persiste. Vozes de lideranças comunitárias, políticas ou de gente realmente sintonizada com "a base" ressoam cada vez menos pra geral. Juntou com isso a crescença cavalar da importância que se dá às celebridades, seja aquela do rádio nas antigas ou, atualmente, a das mídias de TV e das internets da vida. Celebridade apresentando Oscar, funkeando, chutando bola ou escrevendo lanças no facebook com indignação medida pra bombar e agradar seguidores, equilibrando chilique com tempo de texto apropriado à pressa de quem lê. Nessas, celebridades que passam voando na novela ou que duram alguns meses no ibope recebem expectativa monstra e espera-se delas as opiniões, os revides e a propalada representatividade do que venha de baixo e das beiradas. Às vezes uma frase sobre problemas sociais causa fervo e a celebridade é alçada à representante, deusa ou herói do momento. E parece que esquecemos as mil concessões feitas pra se sustentar nos poleiros da grande mídia. Assim, em época que representatividade - que é realmente importantíssima e singular- é pra muit@s a maior bandeira e a luta mais potente e fértil do que qualquer outra práxis, vem as contradições que costuma se deixar pra depois. Joga-se pra debaixo do tapete os dilemas dessa treta. Das diferenças entre imagem e rosto e discurso e gesto. Seus alcances, necessidades e contextos Celso Pitta, Colin Powell, Chris Rock, Neymar, Angela Ro Ro, Condolezza Rice, MC Bin Laden, Eraldo Pereira etc etc etc, cada um na sua vez e lugar, tão distintos... Alguns jogaram contra desde sempre, se empoderando. É só sacar um tiquinho a história de cada um e seus aliados e escadas pra chegarem nos altos escalões do Poder municipal ou mundial. Já das posturas de outros, musiqueiros ou craques pretos. lgbt e/ou da favela, me surpreende é que ainda haja quem se surpreenda, além de elegê-los como Judas do momento. Ou que se coloque nas costas deles a esperança que serão firmeza no revide e na proposta, que serão "libertários". Há quem espere na representatividade algo plano e sem arestas nem frestas, quando a história da representação é de contradição. Não cabe idealismo nessa, nem moldura. Ela ensina a erguer menos pedestal e expectativa à espera d@s iluminad@s. Esperam de Chris Rock no Oscar um Patrice Lumumba, por exemplo. P.S: Os bancos e quem comanda o sistema estão atentos à fita da representatividade, tanto quanto qualquer outra banca. Ao jeito deles... Transformando demandas pretas, mulheris, periféricas, indígenas, etc em produto, lucro ( mesmo que em capital simbólico) e anestesia. E abafando reivindicações com "Esquenta's"e outras máscaras capengas e cintilantes, ou editais empresariais e de filtros financeiros.