Refugiados Palestinos em Brasília pedem atendimento médico emergencial

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O cartunista Carlos Latuff esteve em Brasília esta semana e produziu este vídeo aqui:

Você pode conhecer mais sobre esse mini-campo de refugiados em frente ao campo da ACNUR-Brasil visitando o blog recém-aberto pelos ativistas para denunciar a situação em que se encontram: doentes e desamparados pelo governo brasileiro e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), palestinos, como forma de protesto, acampam de maneira precária diante da sede da organização em Brasília. Para mais informações, acesse: http://acampadosnoacnur.blogspot.com

Ao visitarem o referido blog o/a leitor/a pode ler alguns insistentes e curiosos comentários de uma pessoa chamada Cláudia. A princípio e pelo contexto no qual os comentários estão inseridos, parece que a referida pessoa trabalha na ACNUR- Brasil, pois
ela afirma que vem acompanhando a questão de perto e que tem grande conhecimento de causa sobre este grupo de ativistas acampados em frente a sede da ACNUR- Brasil.

Em um de seus comentários a Sr. Cláudia acusa os manifestantes palestinos autores do blog de serem "refugiados profissionais"!

Fico me perguntando que tipo de pessoa se submeteria a viver durante 4 meses em um acampamento improvisado na calçada...

Ao ler o texto da senhora Cláudia, podemos ver inúmeros exemplos de estereótipos e preconceitos, vejamos:


a) ela
afirma que 'nem tudo que parece é' em alusão às denúncias dos refugiados palestinos no Brasil, buscando destituir suas falas como falsas acusações;

b) afirma que os refugiados palestinos no Brasil são 'mal agradecidos', pois não valorizaram a 'mão estendida' do governo brasileiro que lhes forneceu moradia, assistência financeira, curso de Língua Portuguesa, assistência médica dentre outras inúmeras 'vantagens';

c) afirma ainda que os refugiados são 'mentirosos', afinal se o governo brasileiro fez tudo que estava ao alcance para auxiliá-los, os ativistas que se manifestam em frente a sede da ACNUR- Brasil são 'rebeldes sem causa' ou 'pau mandado', ou 'massa de manobra,' enfim são tudo menos sujeitos pensantes e ativos.


A cada linha lida podemos ver uma série de estereótipos no texto da senhora Cláudia. Esses estereótipos cabem na boca de pessoas desinformadas e preconceituosas sem conhecimento histórico sobre a questão dos refugiados e, em especial sobre os palestinos, mas são completamente inadequados no texto de uma funcionária da ACNUR-Brasil (se de fato ela for, a ACNUR- Brasil deve urgentemente rever seus quadros).

Em uma outra passagem, a Sra. Cláudia afirma que outros países não aceitaram os refugiados palestinos por serem "um povo muito dificil (sic) de tratar."

Para ilustrar, reproduzo a parte final do texto da Sra. Cláudia e pergunto às pessoas responsáveis no Ministério das Relações Exteriores, especialmente aquelas da Divisão de Direitos Humanos e Sociais; da Divisão de Imigração: como uma pessoa que se expressa do modo que essa senhora se expressa (na transcrição abaixo) pode ocupar um cargo cuja principal função é atender no sentido de garantir os direitos humanos de refugiados que são obrigados por diferentes causas a viver distante de seus países?


"(...) outros como estes acampados em brasilia estão reclamando não sabem do quê, querem ir embora para outros paises porque sabem que la teram as mesmas vantagens que ganharam aqui, ficando novamente mais dois anos recebendo tudo de graça e não fazendo nenhum esforço para trabalharem, apenas reclamando, depois começam tudo novamente em outros países se estes os acolherem e assim vão, se tornarão profissionais do refugio, não podemos sentir pena deles pois aqui no brasil estariam milhões de pessoas na fila para ganharem o que este povo esta menosprezando, saude, habitação e trabalho, uma vida digna para quem da valor a vida e não para tirar proveito da mal informação eo de outras pessoas que torcem para que tudo de errado." (Cláudia)