Quem quer censura mesmo?

Escrito en BLOGS el

Dois textos que diz muito sobre as candidaturas e o que está em jogo, leiam com calma e atenção.

Serra fecha acesso à imprensa em palestras a militares no Rio, do IG

Vinte pontos atrás da adversária Dilma Rousseff na pesquisa DataFolha de intenções de voto, o candidato do PSDB, José Serra, fez palestra fechada à imprensa esta tarde no Clube da Aeronáutica, no Rio, para militares da reserva e membros dos clubes militares. Na pesquisa, divulgada nesta quinta-feira, Dilma tem 49% das intenções, e Serra, 29%.

Foto: Agência Estado
Serra fala à imprensa ao lado de Índio da Costa O tucano chegou ao local pouco antes das 15h, horário previsto, e não falou à imprensa, que foi impedida de assistir à palestra, sobre o país e as Forças Armadas. Apesar de credenciados pelo Clube da Aeronáutica, os jornalistas presentes foram avisados pela assessoria de imprensa de Serra de que o encontro seria fechado.

“É o formato do evento”, afirmou uma assessora, ao pedir que o repórter do iG se retirasse do salão, após assistir a todo o discurso de Serra, por uma hora, antes do início das perguntas do público. A assessoria de imprensa do Clube da Aeronáutica afirmou que o fechamento do evento à imprensa foi a pedido da assessoria do candidato. “Eles estabeleceram as regras do jogo. Eles pediram. Nós queríamos que fosse aberto”, afirmou o assessor do clube, coronel Paulo F. Tavares.

Em seguida, do lado de fora, novamente assessores de comunicação do candidato pediram que o repórter se retirasse das proximidades do salão, “a pedido dos militares”. Cerca de dez minutos depois, um segurança do Clube da Aeronáutica reproduziu o pedido, atendendo a solicitação da assessoria, retirando a reportagem dali.

Na semana passada, Serra discursou no Congresso Nacional dos Jornais, defendendo a liberdade de imprensa e afirmou ser contra qualquer restrição à atividade jornalística. Na ocasião, após o discurso, ele se recusou a responder a três perguntas de repórteres.

Em seu discurso de cerca de uma hora aos militares, Serra criticou o governo Lula e a adversária, Dilma Rousseff, afirmou que a economia está se “desindustrializando” e que o país cresceu menos que os demais da América Latina nos últimos oito anos.

************

27 de agosto de 2010 às 21:08

Com exceção de Serra, candidatos prometem continuar conferências nacionais, na Rede Brasil Atual

Dilma, Marina e Plínio pretendem manter conferências como forma de participação direta da população na vida política do país

Por: Suzana Vier

27/08/2010, 09:42

São Paulo – Após as críticas de José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República, ao modelo de conferências, adotado pelo governo federal como mecanismo de participação direta da população, Dilma, Marina e Plínio afirmaram à Rede Brasil Atual que vão dar continuidade às conferências realizadas em diversas áreas.

Em discurso no 8º Congresso Brasileiro de Jornais, no Rio, Serra chamou as conferências realizadas durante o governo de Lula de “conferencismo”. O candidato também atribuiu às conferências de comunicação, de direitos humanos e  de cultura, a tentativa de cercear a liberdade de imprensa. “[...] as três se voltaram para um controle da nossa imprensa, um cerceamento da liberdade de expressão e da liberdade de informação. De que maneira? Através do controle – suposto – da sociedade civil”, criticou.

A candidata Marina Silva (PV) defende que é preciso aprofundar a participação democrática e o envolvimento da sociedade como pilares de sustentação do governo. “[Vamos] fazer do processo de participação uma oportunidade de desenvolvimento da consciência política e dos valores democráticos”, descreve a senadora.

Marina aponta que a legitimidade de um governo depende da “participação direta e sistemática da sociedade nas decisões de caráter público”.

Dilma Roussef (PT) disse que pretende manter a participação da sociedade e dos movimentos organizados em conselhos e conferências, caso seja eleita. “Elas são espaços de democracia importantes e necessários para a construção de diretrizes e políticas públicas.”

A petista admite que nem sempre é possível transformar decisões de conferências em realidades imediatas, mas é fundamental a um governo democrático saber o que a sociedade pensa. “O diálogo sempre traz respostas positivas, mesmo onde haja discordâncias”, sintetiza.

O candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, relata que seu partido tem participado de todas as conferências e defende a implementação das resoluções. O presidenciável propõe a criação de fóruns para complementar a política de conferências. “No caso de ocupar a chefia do Executivo, o PSOL não apenas daria continuidade a essa política como investiria na construção de fóruns que possibilitassem a deliberação com maior participação popular”, defende Plínio.

Nem o candidato José Serra, nem sua coordenadoria de campanha responderam às solicitações da Rede Brasil Atual para confirmar as posições contrárias à participação popular em um eventual governo seu.

Resposta federal

Ainda na semana passada, o  ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, respondeu às críticas de José Serra às conferências e classificou as opiniões do tucano de “concepção elitista de democracia, na qual a população não tem o direito de ser ouvida nas decisões de governo” (acesse a matéria completa no quadro acima).

A Secretaria-Geral da Presidência calcula que 5 milhões de pessoas participaram de processos referentes a 73 conferências realizadas nos últimos oito anos.