'Novo' governo Egípcio não abriu a passagem de Rafah

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O governo egípcio não abriu a passagem de Rafah Jews Sans Frontières, Tradução: Vila Vudu 30/5/2011

Enquanto prossegue na ‘mídia’ ocidental a repetição incansável de notícias distribuídas pelo front de Relações Públicas do governo reacionário, sionista, neoliberal no ‘novo’ Egito pós-Mubarak, vale a pena observar mais uma vez que a passagem de Rafah continua sob estrito controle dos egípcios, em ação coordenada com Israel.

No sábado, o Egito semabriu a passagem de Rafah na Faixa de Gaza, mas só para pessoas, não para qualquer tipo de produto – depois de completamente fechada há mais de quatro anos.

A passagem permanecerá semiaberta exclusivamente para pessoas durante 8 horas por dia, exceto às sextas-feiras e feriados. Pessoas com menos de 18 anos e mais de 40 devem apresentar um visto ‘simples’ para passar. Mas pessoas com idades entre 18 e 40 têm de ser autorizadas pela segurança e só passam se exibirem um visto ‘especial' – como informam os policiais que controlam a passagem. O Egito não permite nenhum tráfego de bens e produtos pela passagem de Rafah (RFI).

O resultado mais significativo do feito do ‘novo’ governo egípcio é que Israel continua a policiar a quantidade de calorias que os palestinos podem comer em Gaza. A passagem de Rafah não foi aberta para comida, remédios, roupas e nenhum tipo de bem ou de produto. O bloqueio de Gaza, portanto, continua.

De fato, o bloqueio foi apenas ‘sofisticado’. Israel proíbe, há anos, que homens não judeus entre 18 e 45 anos visitem os locais sagrados do Islã em Jerusalém. Agora, a mesma discriminação que Israel já praticava contra a população masculina palestina em Jerusalém, foi ‘estendida’ para a passagem de Rafah.

O ‘novo’ Egito está ficando cada dia mais parecido com Israel, em tudo que tenha a ver com liberdade para os palestinos.

E há também a questão dos ‘vistos’ da segurança egípcia. O prontuário de cada homem palestino residente em Gaza que requeira visto para viajar ao Egito é enviado pelos serviços de segurança egípcios diretamente à polícia israelense, que aprova ou rejeita o pedido de visto.

De novidade mesmo, só que o novo governo egípcio, diferente do de Mubarak, tem medo do povo. Está, portanto, aprendendo a usar a tecnologia do espetáculo, que os governos ocidentais manobram tão bem, para confundir a opinião pública. Criou-se uma operação de ‘relações públicas’ que atende pelo nome de “o Egito abriu a passagem de Rafah” – repetida incansavelmente em jornais e televisões, sempre com fundo musical adequadamente dramático. E Israel representa o papel que lhe corresponde no espetáculo e reage com fúria, falando aos judeus israelenses, que têm de ser mantidos em estado de medo eterno e que supõem que o mundo vá desabar sobre suas cabeças se os habitantes de Gaza forem tratados com decência e justiça. Mas Israel nada tem a temer do ‘novo’ governo egípcio. O ‘novo’ governo egípcio continua a ser o melhor aliado de Israel na região.

Resta esperar que o povo egípcio não desista de sua luta. O povo, como disse um aristocrata inglês, é “monstro de muitas cabeças”. De medo desse monstro, gente como Netanyahu, Obama e Tantawi treme. Se o povo egípcio conseguirá não se deixar enganar outra vez, essa é questão que só o tempo responderá.

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