Leandro Fortes sobre o relatório da CPI do Cachoeira: O alto preço da covardia

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Que Rosemary o quê, isso aqui é muito, mas muito mais absurdo.

O alto preço da covardia Por Leandro Fortes, Carta Capital 30/11/2012

O deputado Odair Cunha, relator da CPI do Cachoeira, é mineiro, mas nunca deve ter ouvido um velho ditado rural: onde passa um boi, passa uma boiada. Cunha acabou atropelado por sua tibieza, associada à covardia da maioria da bancada petista na Câmara. Acuado pelas críticas da oposição e, principalmente, pelas ameaças nos editoriais e colunas dos meios de comunicação, irmanados na defesa corporativa de um jornalista metido até o pescoço com o crime organizado, o parlamentar cedeu. E pode pagar mais caro do que imaginava.

O deputado retirou os capítulos sobre os jornalistas e sobre Roberto Gurgel. Fortalecida, a oposição ameaça barrar todo o texto. Foto: Renato Costa/ Frame/ Estadão Conteúdo

Na terça-feira 27, em nome da suposta busca de um consenso que permitisse a aprovação de seu relatório, Cunha aceitou a exclusão do texto das menções e pedidos de indiciamento de jornalistas envolvidos com o esquema. Dessa forma, o diretor da sucursal de Brasília da revista Veja, Policarpo Jr., que entre outras solicitou aos arapongas a serviço de Cachoeira grampos ilegais de um parlamentar, não será obrigado a explicar suas relações incomuns e fora de qualquer parâmetro jornalístico com uma quadrilha de malfeitores. Também sairá imune o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, acusado de prevaricação ao ter engavetado por um longo tempo as investigações contra o ex-senador Demóstenes Torres, um fiel serviçal do bicheiro.

Se imaginava aplacar os ânimos da oposição e de uma parte da bancada governista, o relator se enganou. Diante do recuo, o PSDB sentiu-se fortalecido e decidiu batalhar pela exclusão do pedido de indiciamento do governador goiano Marconi Perillo, chefe de uma administração na qual Cachoeira tinha livre trânsito e poder desmedido. E uma porção do PMDB trabalha para que também fique de fora a construtora Delta, maior beneficiária dos serviços da quadrilha. O objetivo é evitar que futuras investigações alcancem Sergio Cabral, governador do Rio de Janeiro e amigo de “baladas” de Fernando Cavendish, dono da empresa. E há quem no Congresso fale na rejeição total do texto de Cunha, apesar da exclusão de longos trechos do relatório.

*Leia matéria completa na Edição 726 de CartaCapital, já nas bancas
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