"Rolezinhos" se espalham pelo País: teremos as jornadas de janeiro?

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O que foi que eu falei? Que a 'Justiça' braço armado de caneta da reaçaria fazendo uso de suas liminares e da polícia capitão do mato provocariam a fúria da periferia e a solidariedade da juventude não reacionária.

Obviamente a mesma classe média reaça que só lembra dos direitos humanos no Maranhão para atingir o governo de Dilma, como se esta tivesse parido Sarney, que endeusa preto se este encarcera petista e que torce o nariz quando os pretos invadem seus templos sagrados de consumo, verão no movimento uma ótima oportunidade de partidarizar isso.  E não precisa ser sociólogo para entender que os rolezinhos embora sejam uma ação política (levando em conta que toda prática social é política), passa ao largo de questionar o sistema. Os rolezinhos não são o prenúncio nem da revolução, nem da barbárie. O que querem esses meninos negros, que vivem sob a mira da polícia, numa sociedade que reafirma cotidianamente que é preciso ter, é preciso possuir, é preciso consumir? O que pensam? 

Em junho escrevi vários textos argumentando que as manifestações arrefeceriam até o próximo estopim.

A juventude é contestadora da ordem estabelecida, independentemente de sua ideologia, na adolescência regras são feitas para serem quebradas. Da Roma antiga ao Rio de Cabral os jovens sempre incomodaram a ordem estabelecida. Na atualidade, na era das redes digitais as formas de luta da juventude são pontuais, com demandas concretas. No Brasil: diminuição do preço das passagens, passe livre, desmilitarização da polícia e agora o direito de ir e vir nos templos de consumo, nos parques dos bairros de classe média alta. Essa juventude quer o direito à cidade.

É preciso ouvir o que esses jovens têm a dizer, é preciso criar pontes geracionais. A esquerda brasileira não pode se acuar diante das manifestações como estas deixando que a direita manipule suas bandeiras históricas como o combate ao racismo, ao preconceito de classe,  o direito de ir e vir dos cidadãos em seu próprio país e a defesa irrestrita dos direitos humanos.

A esquerda brasileira, especialmente os petistas não podem se acuar e criminalizar as manifestações, vendo nelas mais uma tentativa e desestabilizar o governo.

Em junho a esquerda reaprendeu na marra o caminho das ruas não pode esquecer que elas, assim como as redes digitais estão integradas e estão em disputa permanente.

Os partidos de esquerda precisam ocupar as periferias, abandonar os jargões burocráticos e perceber que sem formação política as transformações necessárias para a construção de uma verdadeira sociedade mais justa e democrática não se realizam.

O PT precisa entender  que não basta os mais pobres terem acesso ao consumo, sem formação política as mínimas conquistas sociais destes dez anos podem ser perdidas.

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"Rolezinhos" se espalham pelo País Ao menos 17 eventos já foram marcados em diferentes cidades para os próximos finais de semana por Redação, Carta Capital 14/01/2014 15:02

Após a repressão contra jovens e a proibição dos chamados “rolezinhos” por quatro juízes, ao menos 17 eventos já foram marcados em diferentes cidades do país para os próximos finais de semana. O número de confirmados varia entre algumas dezenas e milhares de participantes, como o do Shopping Itaquera.

Iniciados por jovens da periferia em São Paulo no mês de dezembro, os eventos se espalharam pelo país e devem acontecer em shoppings, parques e até centros culturais Confira a lista abaixo:

18 de janeiro

Shopping Cidade Jardim

Grand Plaza Shopping

Shopping Metrô Tatuapé

Shopping Center Norte

Világio Shopping

Plaza Shopping Niterói

24 de janeiro

Suzano Shopping

Parque Ibirapuera

25 de janeiro

Oscar Freire

Bosque Maia

26 de janeiro

Shopping Bonsucesso

1º de fevereiro

Mauá Plaza Shopping

Shopping Itaquera

5 de fevereiro

Shopping Taboão

8 de fevereiro

Shopping Aricanduva

Shopping Itaquera

15 de fevereiro

Shopping Penha

22 de fevereiro

Sesc Itaquera