Bolsonaro é conivente com assassinatos da ditadura, diz ex-ministra torturada por Ustra

Militante de esquerda nos anos 1970, Menicucci foi torturada durante a ditadura militar, quando ficou presa na mesma cela que a presidente Dilma Rousseff no Presídio Tiradentes, em São Paulo

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
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Questionada sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de que o torturador Brilhante Ustra seria um "herói nacional", a professora, socióloga e ex-ministra do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Eleonora Menicucci disse ao blog que Bolsonaro é conivente com os assassinatos e desaparecimentos políticos promovidos pela ditadura militar. "É uma barbaridade!", disse. "Esse homem vem constantemente elogiando o maior torturador desse país, que me torturou". Ela disse relembrar "o tamanho da violência" de Ustra, da crueldade, da violência e de tudo que ele representa. A fala foi dita ao blog na noite dessa terça-feira (13), na abertura oficial da Marcha das Margaridas, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília. "Isso demonstra que esse senhor que está aí, o Bolsonaro, ele não é só conivente com os crimes da ditadura, como ele é conivente com todos os assassinatos de companheiros e companheiras e os desaparecidos políticos. É por isso que nós, a minha geração, combate integralmente a volta de uma ditadura que já estamos vivendo", afirmou. Militante de esquerda nos anos 1970, Menicucci foi torturada durante a ditadura militar (1964-1985), quando ficou presa na mesma cela que a presidente Dilma Rousseff no Presídio Tiradentes, em São Paulo. Em 2014 o então deputado federal Jair Bolsonaro ofendeu Menicucci, ao comentar sobre sua vida sexual privada da então ministra. “Ela me disse ‘não é porque tenho mais de 60 anos que não continuo fazendo sexo’. Mentira! Com aquela cara, nem com Viagra na veia”, afirmou para uma plateia de evangélicos que o aplaudiu. Ainda sendo aplaudido, o deputado complementou: “Ela é feia pra caramba”.