Datafolha: Marina pode tirar Aécio do segundo turno e ganhar eleição

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O resumo do resultado do levantamento do Datafolha divulgado pela Folha de S. Paulo em que Dilma tem 36%, Marina, 21%, e Aécio, 20%, e que coloca Marina com 47% a 43% contra Dilma no segundo turno é que a eleição será muito mais disputada com a entrada da ex-senadora pelo Acre na vaga que era ocupada por Eduardo Campos. Marina precisa muito menos de tempo de TV do que Campos e tem apelo muito maior entre o grupo de eleitores que está decepcionado com a política. A ex-senadora também já tem uma posição consolidada nas regiões metropolitanas e tem tudo para ter amplo apoio entre os formadores de opinião. Além de contar com uma imensa militância espontânea nas redes sociais. Isso significa que Marina vai ao segundo turno e que se for é imbatível? Nem uma coisa nem outra. O que parece ter mudado definitivamente é que a eleição não será decidida em 5 de outubro. Haverá segundo turno e Dilma terá que enfrentar um candidato de oposição com o mesmo tempo que ela na segunda volta. Mas, na avaliação deste blog, Aécio continua favorito a ser este adversário porque tem uma campanha mais estruturada e, principalmente, porque com a ameaça de uma segundo turno entre Dilma e Marina, ele terá muito mais apoio do setor empresarial. A ex-petista é uma ameaça muito maior para alguns setores do que a própria presidenta. A pesquisa divulgada hoje foi realizada antes de toda a cobertura do velório de ontem. O que significa que, em meio à comoção, Marina pode ter crescido mais uns dois pontinhos. Ou seja, pode ter descolado de Aécio. Mas ao mesmo tempo foi feito muito a quente. Em meio à notícia da morte, sem que houvesse tempo para que a população pudesse fazer uma avaliação mais distante do significado de votar na nova candidata do PSB. Ou seja, não é improvável que haja uma acomodação para baixo dos seus números num futuro próximo. Neste processo todo, porém, muitas análises têm desconsiderado aspectos importantes do histórico recente dos votos da candidata. Alguns analistas têm repetido que Marina tem votos apenas nas capitais do Sudeste e entre os evangélicos. Não é verdade. Na eleição passada, por exemplo, ela teve 37% dos votos em Recife. E foi a mais votada na cidade no primeiro turno. Também foi muito bem votada em Belo Horizonte, onde fez 38%. E em Brasília, onde teve seu recorde de votos e bateu em 40%. Marina tem força nacional. Não é uma candidata apenas da classe média e nem tão pouco de Rio e São Paulo. Por isso mesmo sua candidatura é fortíssima. Ela pode tirar votos de Aécio no Sudeste e de Dilma no Nordeste. Terá muita dificuldade em regiões onde o agronegócio tem força, como na região Centro Oeste e até em boa parte do Sul. Mas se fizer um discurso moderno, pode compensar com boas votações nas regiões mais urbanas. O jogo não zerou com a morte de Eduardo Campos, como sugerem alguns. Mas muita coisa mudou. Uma eleição que parecia estar pronta para repetir a história dos últimos pleitos com PT e PSDB protagonizando a disputa final, pode ter um destino diferente. Para o processo democrático é bom que haja uma disputa com envolvimento maior. E isso parece consolidado. O índice de votos nulos e brancos que tendia a ser alto, deve se manter no seu patamar histórico. E essa talvez seja a notícia mais importante, pois a candidatura de Marina ajuda a oxigenar o processo eleitoral.