Para o ex-ministro, a ação só teria validade se fosse algo negociada entre os ministros da Defesa dos dois países, Venezuela e Brasil, a fim de encontrar um entendimento comum para que se resolva o impasse que tomou de conta do país vizinho.
"Não acredito que nossos militares irão entrar na aventura de forçar uma aventura militar na Venezuela", ressalta Amorim, citando que recentemente o vice-presidente, general Hamilton Mourão, descartou qualquer possibilidade do Brasil intervir no país vizinho.
A fronteira brasileira com a Venezuela passa pela terra indígena Pemon e os chefes da tribo garantem que permitirão a passagem por suas terras. Porém, os militares venezuelanos, ainda sob as ordens de Maduro, têm impedido a entrada.Amorim entende que essa ajuda humanitária à Venezuela pode ter dois objetivos distintos: 1) um grande jogo de cena com objetivo de desmoralizar o governo venezuelano, tendo em vista que não estaria atendendo a necessidade de fome e saúde da população, ou, 2) o início de uma intervenção militar, que para o ex-chanceler pode ter consequências muitos graves para o Brasil.
De acordo com o ex-ministro, mesmo a população que deixa o país em virtude da crise econômica não quer uma intervenção externa. "A saída passa, a meu ver, por uma mediação envolvendo países latino-americanos, o Conselho de Segurança da ONU, o Papa Francisco com participação da Igreja, países europeus, mas especial que seja uma mediação imparcial que não possa prejulgar com antecedência o resultado", destacou o ex-chanceler.