Dino para Bolsonaro: "não é tocando fogo [em ONGs] que vamos salvar a Amazônia"

Durante o encontro, Bolsonaro manteve sua postura crítica a Macron e condenou o que chamou da intenção do mandatário europeu de “internacionalizar” a Amazônia

Foto: Montagem
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Em meio a cries ambiental no país, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), defendeu nesta terça-feira (27) durante reunião com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e outros governadores da Amazônia Legal, que a soberania da região não deve ser afirmada retoricamente, mas sim, com o cumprimento de deveres. Dino também defendeu o diálogo com outros países e criticou a "satanização" das Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuam na região. "Não é necessário um discurso de terrorismo antiambiental, que pode ser nocivo ao povo brasileiro. (...) Se o Brasil se isola no cenário internacional, (isso) o expõe a sanções internacionais gravíssimas a seus produtores", disse. O governador do Maranhão defendeu ainda que o Brasil aceite ajuda financeira internacional para combater desmatamento e incêndios na Amazônia. No entanto, Dino também criticou a retórica que tem sido bastante usada por Bolsonaro de que as ONGs atuam na região para atender a interesses externos e que teriam culpa na intensificação das queimadas. "Não podemos dizer que as ONGs são inimigas. Não é tocando fogo nelas que vamos salvar a Amazônia. Tem que separar o joio do trigo. Não sou daqueles que sataniza as ONGs, isso é um equívoco. Temos organizações de imensa seriedade que atuam aqui", disse. O governador também afirmou que o extremismo não é adequado na resolução de situações como essa. "O meio termo é a melhor receita porque quando se solta uma faísca em níveis mais altos, pode-se chegar a um incêndio na base. Não é com postura reativa que vamos sair dessa crise. É preciso ter moderação e diálogo", disse. Em reação ao discurso de Dino, o presidente Jair Bolsonaro citou o número de pedidos para registro de novas terras quilombolas e indígenas na Amazônia Legal, destacando que o agronegócio pode ficar "inviabilizado" no Brasil. Bolsonaro também destacou a fala do presidente francês, Emmanuel Macron, dizendo que ele "baixou o tom" hoje, mas que "seu objetivo é o mesmo", sem dar mais detalhes. Na sequência, leu publicação de apoio feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Twitter. "Aqui não tem esquerda e direita, é soberania nacional", declarou.