Espionar movimentos sociais remete a tempos da ditadura, avalia Patrus Ananias

Para o deputado Patrus Ananias (PT), tentativa do governo de pressionar inclusive o governo da Itália pode ter efeito contrário e atitude remete a tempos da ditadura

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Deputado federal e ex-ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Patrus Ananias (PT-MG) comentou ao blog na tarde desta terça-feira (12) sobre a tentativa do governo brasileiro de espionar, por meio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), movimentos eclesiástico ligados à Igreja Católica. Para ele, que é cristão e católico, a iniciativa remonta a tempos sombrios da ditadura.

"Eu penso que essa iniciativa do governo de pressionar o governo italiano terá um efeito contrário. Temos que reconhecer que a Igreja tem uma função secular no Brasil. Um caminho da Justiça, do perdão, da convivência de pessoas que pensam de forma diferente", disse o parlamentar.

O congressista relembra que, nos tempos da ditadura, governo ditatoriais também tiveram atritos com a Igreja Católica no Brasil e perseguiram religiosos.

"Tentaram, por exemplo, retirar Don Helder Câmara da arquidiocese de Olinda e censurá-lo, além de outros líderes religiosos, como Dom. Paulo Evaristo Arms, em São Paulo, nomes que foram diretamente perseguidos pela ditadura', relembrou o parlamentar.

Ministro será convocado Conforme noticiado pelo blog nesta terça, o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA) apresentou requerimento para convocar o ministro Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), para que ele preste explicações das atividades de inteligência e espionagem sobre o “clero progressista”. Segundo a matéria do Estadão, o Palácio do Planalto recebeu relatórios de inteligência com detalhes das reuniões de preparação do Sínodo da Amazônia, encontro religioso convocado pelo papa Francisco para outubro, em Roma, e tenta neutralizar o que considera uma brecha para críticas internacionais ao governo por parte de bispos brasileiros da Igreja Católica.