"Esse governo não tem noção do que é educação", avalia ex-ministro Renato Janine

Para Janine Ribeiro o atual governo se perde em pautas que não favorece o desenvolvimento da educação brasileira.

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"Esse governo atual não tem noção do que é educação, e isso é uma grande pena". A avaliação é do o ex-ministro da Educação do governo Dilma, o filósofo e cientista político Renato Janine Ribeiro. Em contato com o blog na manhã desta terça-feira (26) Janine criticou a carta enviada pelo Ministério da Educação exigindo que alunos cantem o hino nacional e que o momento seja gravado e enviado ao MEC.

"Pela análise do texto, temos o uso de um slogan político por um órgão do Estado, o que é totalmente proibido pela Constituição", assinalou. Na noite dessa segunda, assim que tomou-se conhecimento da iniciativa do ministro Ricardo Vélez, tanto o PT quanto o PSOL prometeram denunciar o ministro à Procuradoria-Geral da República por crime de improbidade.

"Há uma violação expressa do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de filmar crianças sem autorização dos pais". Janine analisa que infelizmente de 2009 pra cá os indicadores educacionais não vem subindo na velocidade que o país precisa. Ele cita o programa do governador do Ceará Cid Gomes como exemplo de alfabetização.

"O governo do Estado não tem incumbência de cuidar da alfabetização, que é um tema das prefeituras, mas lá o Governo do Ceará decidiu colocar dinheiro na formação de professores, na produção de cartilhas e com isso conseguiu dar um salto significativo na melhora da educação básica para alfabetização na idade certa", ressaltou.

"Se 150 mil escolas públicas mandarem os vídeos para o MEC, várias delas tendo vários turnos de alunos, quem vai trabalhar esses vídeos? E quanto vai custar isso em energia, mão de obra, que poderiam está sendo canalizada para as pautas prementes da educação que são, ensinar português, matemática e ciência?" questiona.

Para Janine é assustador que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) tire a prioridade dos professores de ensinar matérias prioritárias para colocar alunos em propagandas do governo. O ex-ministro defende uma formação bem feita de professores para que eles possam ensinar com qualidade os alunos.

"O simples fato de eles não terem colocado o Mozart [Ramos] como ministro, alguém que vem da direita democrática e constitucional, um dos melhores conhecedores da educação que foi recusado pela área reacionária do governo, mostra que eles não têm a menor noção do que é a educação", finalizou.

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