Filhos e partido de Bolsonaro arrastam governo para crises contínuas

Filho suspeito de envolvimento com milícia e desvio de dinheiro público por meio de candidaturas laranjas no coração do PSL dificultam governabilidade da gestão de Jair Bolsonaro

Reprodução/Instagram
Escrito en POLÍTICA el
Os 45 dias iniciais da gestão de Jair Bolsonaro à frente da Presidência da República foram marcados por crises, filho suspeito de envolvimento com milícia e desvio de dinheiro público por meio de candidaturas laranjas no coração do PSL. Como se já não bastassem as estripulias do partido no parlamento, a crise mais recente agora atinge o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Gustavo Bebianno. Na época em que era presidente nacional do PSL, segundo a Folha de S. Paulo, Bebianno liberou R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, que repassou parte do dinheiro para uma gráfica registrada em endereço de fachada. Soube posteriormente que o dono da gráfica é filiado ao PSL. Uma reportagem complementada pela Folha revelou também que o grupo do atual presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), recém-eleito segundo vice-presidente da Câmara, criou uma candidata laranja em Pernambuco que recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição de 2018. O dinheiro foi liberado por Bebianno. Independentemente do destino que tomar o caso Bebianno nas próximas horas, a oposição a Bolsonaro no Congresso já articula sua convocação para prestar esclarecimentos. Além dele, o ministro Augusto Heleno também é alvo de requerimento para explicar suspeita de espionagem por parte da Abin a religiosos católicos brasileiros. Como a maioria de deputados do PSL é novata, a desorganização no partido é outro problema visto com preocupação por agentes do mercado. Por sua vez, os militares ouvidos pelo blog temem que as crises contínuas envolvendo principalmente filhos do presidente contaminem a tramitação da Reforma da Previdência, a ser enviada ao Congresso na próxima quarta. Noticiado pelo blog nesta quinta, deputados do PSL estão com dificuldade até de se adaptar às regras regimentais da Câmara. Nesta semana, durante as votações de projetos e medidas provisórias, o quórum de votações demorou a subir porque eles não entendiam o porquê que a orientação do partido às vezes era para votar “Sim” e outras “Não”. Projeções de impacto As crises contínuas que atingem a gestão Bolsonaro ganharam um novo salto nesta semana, após o vereador Carlos Bolsonaro tuitar que Bebianno havia mentido sobre conversa com o presidente. O ministro dissera que havia conversado com o Bolsonaro para explicar a suspeita de ter liberado R$ 400 mil em recursos públicos do fundo partidário para uma candidata "laranja" do PSL. Horas depois foi chamado de mentiroso por Carlos e também pelo Presidente, mesmo assim Bebianno resistiu no cargo.

Fora desse arco dramático de crises políticas Bolsonaro precisará de todos os votos que estiverem a seu alcance no Congresso. Tanto a Reforma da Previdência quanto o pacote de Segurança Pública elaborado pelo ministro Sergio Moro precisam de apoio massivo para serem aprovados. Só a Previdência, no mínimo 308 votos, fora o desgaste com a opinião pública.

Com o partido do presidente em contínua desorganização e ministros imersos em crises particulares, líderes no Congresso já se perguntam como o governo conseguirá garantir um mínimo de governabilidade que garanta a aprovação das pautas de interesse do mercado.