Inteligência dos bombeiros aperta o cerco a críticas de militares ao governo Bolsonaro

Serviço de inteligência do bombeiro militar de Goiás monitora rede social para identificar quem critica governo e enquadradar como desleal e punir por traição

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Militares desleais Bombeiros militares do 5º Batalhão Bombeiro Militar de Luziânia, cidade a 93 quilômetros de Brasília, que criticarem em redes sociais privadas o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), serão considerados desleais ao governo e podem ser punidos por traição. A punição viria "rápida", por ordens "lá de cima" e seriam aplicadas "pra ontem". Inteligência militar monitora bombeiros Segundo contou ao blog o bombeiro militar Pedro Fernandes*, o setor de inteligência do Comando de Bombeiro Militar de Goiás (CBMGO) apertou o cerco desde o início deste ano e passou a monitorar as redes sociais privadas dos bombeiros para saber se eles estão falando mal de Bolsonaro ou Caiado. Os identificados têm respondido a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD). Clima pesado no quartel "O clima no quartel está bem pesado. Eles estão fazendo de tudo pra baixar a moral da tropa. No dia da formatura teve uma corrida de 8km, e as pessoas que não conseguiam tinham o nome 'anotado'", diz Pedro. O militar explicou que em 14 de fevereiro deste ano bombeiros foram colocados sob chuva enquanto ouviam gritos e humilhações como "vocês são um lixo". "Eles decidiram agora formaturas obrigatórias todo 5º dia útil do mês, para tratar de assuntos e por a tropa pra correr. Até para comentar na página do governador tem que pedir autorização do comandante do CBMGO", relatou Pedro. "Lealdade ao governo" "O discurso enfatizou que este ano nós devemos 'lealdade ao governo'. Falou que devemos ter cuidado com o que postamos nas redes sociais, ainda que privadas e que não postássemos nada a respeito da corporação, pois o que postássemos lá seria a mesma coisa que se estivéssemos dando a opinião fardados", confirmou outro militar ao blog, João Carlos*. O relato de perseguição por "ordens de cima" para quem criticar o presidente também foi relatado pelos militares. "Caso alguém fique emitindo opinião pública em rede social contra o governo, a punição vai vir, e vai vir rápida, lá de cima, 'para ontem', que já teve um sargento que foi punido por emitir opinião contra o Bolsonaro e que esse papinho de Ministério Público, de Justiça, vai tomar muito tempo e até lá a punição já teria sido aplicada." Outro lado Atualização às 13h31 desta segunda-feira (25). Por meio de nota o 5º Batalhão de Bombeiros Militar de Luziânia disse nessa segunda que a missão constitucional da instituição é preservar o meio ambiente, proteger o patrimônio e salvar vidas é destituída de partidarismo ou politicagem. *a fonte pediu para ter o nome trocado temendo retaliação por parte do comando