É duro, mas é Maduro!

É incômodo, mas a eventual derrubada de Maduro levará o país a uma hecatombe brutal

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Por Gilberto Maringoni É difícil tomar posição sobre a Venezuela. Há brutalidades, bestialidades, enfrentamentos, ferimentos, prisões, explosões, mortes e escassez generalizada. A capital é violenta, o cenário é sujo, os líderes do governo parecem não tomar banho há tempos e tudo parece meio revirado. Que a direita se some aos seus e brade um senso comum de "democracia", "direitos" e "liberdades" para apoiar uma oligarquia que disputa o poder com a fúria de quem perdeu há duas décadas o lugar quentinho da renda petroleira, tudo bem. Que ela faça coro com quem tem ramificações em Washington e no que existe de mais reacionário na política global, está na conta. Que a mídia internacional busque isolar Maduro e que ridículos jornais da periferia invoquem sacrossantas regras de seus manuais internos, a gente pode entender. Mas que lideranças de esquerda subam no muro – que favorece a reação – ou que se escandalizem com a aspereza do combate é algo a se deplorar. Não se trata apenas de "fazer o jogo da direita". Significa não perceber que luta de classes não é travada segundo os regras de etiqueta e com a nitidez de exército vermelho X branco, bonzinhos X malvados, com camisa X sem camisa ou casados X solteiros. Com toda a feiura do enfrentamento, é preciso perceber o que está em jogo e tomar lado. Não haverá uma cavalaria de garbosos soldados ao som metálico de uma corneta a inaugurar uma terceira via ou um caminho do meio pelo qual os justos, os limpos e as pessoas de bem possam pontificar sobre destinos mais elevados. Posição se toma enquanto o pau come. No caso venezuelano, não há como deixar para depois: a oposição de direita precisa ser derrotada! É incômodo, mas a eventual derrubada de Maduro levará o país a uma hecatombe brutal. Por isso é preciso apoiá-lo, com todo o ônus que tal gesto acarreta.

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