Júlio Casares, o Pato Manco do Morumbi
Em busca de manter a relevância, o presidente faz de tudo para vender parte de Cotia, mas seu estilo "vendedor de ilusões" cansou
Lame Duck (Pato Manco) é uma expressão que designa o líder que já não consegue colocar em prática as suas ideias. Por falta de apoio popular ou por estar em final de mandato, a percepção de que o poder mudou de mãos se instala e ele é apenas suportado. Se o sucessor já foi escolhido, então, o cafezinho é servido frio.
Júlio Casares está lutando bravamente para que o seu mandato, com prazo até o final do ano que vem, não tenha final antecipado. Não quer ser um pato manco, deseja influenciar com força no processo sucessório e conseguir ficar onde esteve nos últimos quinze anos: em um posto de comando. Remunerado, agora. O CEO de uma nova estrutura direcional do clube?
O Fundo de Investimento e Participação (FIP), que busca investimento de R$ 250 milhões em troca de 30% de Cotia é a tábua de salvação do atual presidente. Ele faz de tudo por sua aprovação. Está apostando em um tour de exposição para aliados e até para a Oposição, que ele esmagou nos últimos anos. Está dando entrevistas e mais entrevistas, da chamada grande imprensa à imprensa segmentada. Baixou um pacote de transparência com medidas que haviam sido prometidas há cinco anos. Só falta abrir os comentários no Instagram, seu lugar preferido no Planeta Terra.
Está difícil convencer. O dinheiro parece pouco. É mais ou menos o que o clube arrecadou esse ano com a xepa de Casares, mandando revelações para Portugal, Ucrânia e Rússia sempre por um dígito. E ninguém quer ser candidato carregando a marca de ter vendido a Cotia que Juvenal construiu.
Carlos Belmonte e Casares governaram juntos até agora. Casares não quer apoiar Belmonte. Então, por que Belmonte vai aprovar a venda? Será o candidato que a impediu. Ou que lutou contra sua instalação. O ungido de Casares que carregue a pecha de quem liquidou o clube.
Não é apenas a questão de Cotia. Casares se enfraqueceu também por não saber explicar o fato de a dívida haver chegado a um bilhão. Ele veio com explicações frágeis. Fala em herança maldita, sendo que fazia parte das gestões anteriores.
E prestem atenção nessa: os três primeiros anos eram para conquistar um título e os outros três para cuidar da dívida. Só que seu mandato era de três anos.
Casares é assim: vendedor de ilusões. Fala e não comprova. O melhor contrato de patrocínio de todos os tempos. Não era. O córrego vai ter o curso mudado para a WTorre aumentar o Morumbi. Nada disso.
O estilo Casares cansou. Dizer que o São Paulo, com ajuda de Pernalonga e Hortelino, teria torcida maior que a do Corinthians é meio engraçado, meio ridículo, dá para suportar. Vender parte de Cotia é perigoso e mexe com autoestima da torcida e de dirigentes que lutaram por sua construção.
É coisa séria!