Karla Sofia Gascón e o perigo do voto identitário
A defesa da classe trabalhadora é um requisito imprescindível na escolha de um deputado, muito mais que as causas identitárias
Karla Sofia Gascón é - todos sabem - uma atriz trans espanhola que estrela o filme Emilia Perez, vencedor do Globo de Ouro, desbancando Ainda Estou Aqui, de Walter Salles Júnior.
Ela faz o papel de um traficante que resolve fazer redesignação de gênero. Sua atuação é muito elogiada, tornando-a uma das favoritas ao Oscar.
Não apenas por isso. Premiar uma atriz trans seria um posicionamento claro da Academia contra os tempos obscurantistas que já chegaram. Uma resposta aos princípios e ideias de Trump.
Só que não.
O print é eterno e mostrou que as ideias de Trump são parecidas com as de Karla Sofia Gascón. Está tudo documentado no twitter. Xenofobia contra o Islam, racismo contra coreanos e até posicionamento contrário às políticas de diversidade impostas pela Academia. As mesmas políticas que poderiam lhe dar o Oscar.
Karla Sofia Gascón está fora do páreo, mesmo com suas frágeis desculpas: "peço desculpas SE ofendi" e "eu era outra pessoa". Ora, os posts são recentes, coisa de 2020 e ela já tem 52 anos.
É um perigo do voto identitário. Ele pode desembarcar na grande deputada Erika Hilton, mas pode também levar ao Congresso pessoas que estão na fronteira contra os trabalhadores.
Vou escolher uma mulher. Carla Zambelli?
Vou escolher uma mulher pobre e que venceu na vida através do estudo. Tábata Amaral?
Vou escolher uma mulher PCD. Mara Gabrieli?
Vou escolher um gay. Clodovil?
Um homem trans. Thammy?
Um homem preto. Hélio Bolsonaro?
Meu voto sempre é voltado para quem defende os trabalhadores. Pode até ser identitário, como nas duas últimas eleições: mulher, preta, lésbica e sambista. Leci Brandão.
Não erro nunca.
Meu federal será ele. Zé Dirceu.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum