José Alencar, Lula e a História

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O assunto desta semana é, sem dúvida, a morte do ex-vice presidente José Alencar, depois de 14 anos de combate ao câncer, com a realização de 17 cirurgias. Fora a ânsia de viver dele, há que se considerar os avanços da medicina, principalmente pra quem tem recursos. Claro que pobres também se beneficiam dos avanços da medicina, mas é claro também que um pobre não teria assistência que ele teve. Nada contra ele, ao contrário. Ele tinha todo o direito de lutar pra sobreviver. Sorte dele que tinha recursos pra isso. Hoje, fiquei me lembrando das eleições presidenciais de 2002, quando Lula escolheu José Alencar pra vice. Muita gente torceu o nariz. Inclusive eu. Uns dois anos depois da posse do Lula, um amigo petista me disse uma coisa muito interessante: “Olha, eu votei no Lula em todas as eleições que ele concorreu. Em 2002, eu quase não votei, fiquei decepcionado por ele ter colocado esse empresário como vice. Eu pensava: e se o Lula morrer ou se afastar da presidência por qualquer motivo? Quem vai governar é esse cara de direita. Pois hoje eu torço pro Lula ser afastado. Ele é pior do que o José Alencar”. É que o começo do governo Lula foi bem ruinzinho para quem esperava atitudes de esquerda, de defesa dos trabalhadores e dos aposentados. E sua política econômica com o Meirelles no Banco Central, outra figura de direita, também era bem conservadora. Os juros altos eram um grande problema que o governo não resolvia. Muita coisa mudou, e Lula acabou sendo reeleito e terminando o segundo mandato com aprovação enorme. Mas fica na minha memória aquele início de governo, em que o PT rompeu com seu passado especialmente no caso da legislação sobre as aposentadorias, e acabou expulsando do partido os parlamentares que tentaram manter a coerência. Lembrar disso hoje parece uma heresia, mas é história. E a história fica registrada quando se faz coisas boas e também quando se faz coisas ruins, ainda que com perspectiva de melhora para o futuro.