Receita para aposentadoria precoce

O Blog do Mouzar levanta um questionamento: “Como se livrar das regras para aposentadoria que vêm aí?”

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
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Desesperado achando que vai ter que trabalhar até a idade de Matusalém para conseguir se aposentar ganhando uma merreca? Calma... E se perder o emprego quando tiver uns cinquenta anos e não conseguir arrumar outro, assim não “contribuindo” para a Previdência? Vai ter que esperar um montão de anos para (se sobreviver) “ganhar” uma merreca menor ainda, R$ 400 por mês? Calma... O “mercado” tem na agulha da sua arma uma proposta mais radical? Pode ser. Por exemplo: pode deixar de lado toda hipocrisia e decidir que quando o trabalhador chega a uma certa idade e não tem condições de sobreviver por conta própria, seja fuzilado. Pronto. Resolvido. Nada de despesas com ele. Nem INSS, nem SUS, nada. Com medo? Calma! Bom... Uns e outros por aí, que se aposentaram novinhos, tendo trabalhado pouco ou nada, ganhando dezenas de milhares de reais... Se lhe ensinarem o caminho das pedras, não há com o que se preocupar. Epa... Dois deles, Temer e o Gato Angorá, Moreira Franco, foram presos! Por causa dessa mutreta? Não! Nada disso. Acham pouco ganhar num mês o que outros aposentados devem ganhar – como propõem –  em três anos ou mais, e procuraram outras fontes de renda não convencionais. Mas mesmo que continuem presos, veja só, são apenas dois de um bando de aposentados privilegiados. E mesmo que você não seja como eles, ainda recomendo calma. Pode descobrir alguma fórmula milagrosa para se aposentar cedo, pelo menos. Então, como se livrar das regras para aposentadoria que vêm aí? Não sei se daria certo nos dias de hoje, mas lembro-me de uma historinha antiga, contada pelo Stanislaw Ponte Preta, acho que no início dos anos 1960, tempo em que caixa de banco tinha que trabalhar de terno e gravata. Pode não valer agora, mas pensando nela, você, com calma, talvez invente sua própria estratégia. De qualquer forma, acho que é uma boa história. Caixa de banco tinha um trabalho desgastante. Naquela época circulava muito dinheiro vivo e não havia caixa eletrônico, e toda grana sacada dos bancos ou depositada neles passava pelos caixas. Então eles manipulavam uma baita grana todos os dias e muitos perdiam a noção do valor do dinheiro. Torravam seus salários em poucos dias. E não raro algum tinha problema psiquiátrico por causa disso. Segundo Stanislaw Ponte Preta, um caixa do Banco do Brasil comprou três robe-de-chambres: um azul, um amarelo e um vermelho. Ah, ninguém mais fala robe-de-chambre, nome luxuoso para um reles roupão. Mais refinado, talvez. No dia seguinte chegou pra trabalhar trajando o robe azul. Todo mundo engravatado e ele de robe, alegre, assobiando e cantarolando... Abriu o caixa e, antes que começasse a atender, o subgerente chegou nele e disse: “Fulano, acho que você anda cansado, precisa descansar um pouco... Vá pra casa e volte amanhã”. Ele foi. No dia seguinte, foi trabalhar com o robe amarelo. E dispensado de novo. No terceiro dia, chegou com o robe vermelho e aí lhe deram uma licença médica para se tratar. Ficou meses se tratando e, quando achou que não dava mais para continuar com uma história maluca sobre por que se vestia daquele jeito, disse que estava bem. O psiquiatra encarregado de lhe dar alta conversou com ele nesse que seria o seu último dia de licença médica. O bancário brincou com a história toda, disse que não entendia por que fez aquela loucura etc. etc. Aí fez cara de furioso e completou: “Na verdade eu sei! Foi por causa do subgerente, que me enchia o saco e me deixou meio pirado. Todo subgerente é canalha! Vou voltar pro banco e matar aquele filho da mãe. Aliás, quero matar tudo quanto é subgerente. São todos canalhas”. Conseguiu o que queria: uma aposentadoria precoce.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.