Salário mínimo: R$ 545

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Acompanhei mais ou menos os debates sobre a correção do salário mínimo. O governo e governistas se batendo por 545 reais e a oposição querendo até 600. Foi um debate contraditório e cínico. dos dois lados. É gozado ver políticos do PT, partido que surgiu das lutas populares, liderado por sindicalistas, tentando puxar o valor do salário mínimo para baixo, e pessoas do antigo PFL, que hoje se intitulam democratas, herdeiros das políticas trabalhistas mais direitistas e contrárias aos direitos dos trabalhadores, tentando puxar o salário mínimo para cima, para valores que, se eles fossem governo, babariam de raiva de quem propusesse. E junto com esses “democratas entre aspas”, outras oposições não menos contrárias aos trabalhadores, pedindo o que os petistas deveriam pedir. O certo é que vale uma velha ideia um tanto safada, de que quem está na oposição propõe coisas que são consideradas impossíveis – isto é, consideradas impossíveis pelas pessoas que se dizem preocupadas com a economia global do país, que por sinal veem riscos enormes de desestabilização do país em qualquer política favorável ao povo. E vale também para mostrar que quando alguém ou grupo assume o poder muda radicalmente de opinião. Durante o Império, no Brasil, havia os conservadores e os liberais, se debatendo continuamente. Os liberais a favor do povo – mas nem tanto. – E os conservadores, como sempre, contra o povo. O comportamento incoerente dos liberais, condicionado por estar ou não no poder, fez que merecessem um comentário de algum conservador que não me lembro quem: “Nada mais conservador do que um liberal no poder”. Não quero dizer que o PT seja exatamente assim, mas se a gente der uma geral no Congresso, vai ver como o pensamento político de muitos políticos muda conforme o vento. Isso vale para a situação e para a maioria da oposição (ressalvo aqui os deputados que foram expulsos do PT logo no início do governo Lula, por serem contra o arrocho contra aposentados, e que continuam com suas ideias, sem grande influência no Congresso). Com poucas exceções, vale a máxima popular que diz que político é tudo a mesma porcaria, pra não dizer a palavra exata usada na boca do povo.