As boas-vindas de 2021: 5 mil demissões do BB e o fechamento da Ford no Brasil; o que isso projeta?

A Ford sai do Brasil no exato momento em que a política neoliberal está à toda e que, segundo analistas econômicos, iria atrair bilhões de investimento e gerar milhões de empregos.

Bolsonaro e Paulo Guedes, ministro da Economia (Foto: Isac Nóbrega/PR)Créditos: Reprodução / Divulgação redes sociais
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Duas notícias de hoje confirmam as previsões dos mais realistas em relação ao que será o ano de 2021. Depois de 50 anos atuando no país a direção mundial da Ford anuncia o fechamento das três fábricas que ainda mantinha por aqui. A produção da América Latina se concentrará na Argentina e no Uruguai.

Quando há 22 anos, em 1999, o governador Olívio Dutra não aceitou as chantagens da montadora que queria receber quase meio bilhão de reais para montar uma planta no estado, além de benefícios fiscais, e a Ford decidiu ir montar sua nova unidade em Camaçari, na Bahia, quase houve uma revolução no estado.

O governo de Dutra foi carimbado como ineficiente por conta da perda desta fábrica ainda no começo de sua gestão. E a mídia não lhe perdoou um minuto sequer do mandato sem lembrar desta história.

Agora, a Ford sai do Brasil e vai montar suas fábricas na Argentina e Uruguai. E isso acontece no exato momento em que a política neoliberal está à toda e que, segundo analistas econômicos, iria atrair bilhões de investimento e gerar milhões de empregos.

Nada disso aconteceu. A reforma trabalhista e da previdência só serviram para continuar o escalpelamento da classe trabalhadora que vive um dos seus mais dramáticos momentos históricos.

O desemprego se amplia ao mesmo tempo que os direitos são retirados.

Como o governo é cúmplice de toda essa esculhambação, na mesma data que a Ford se despede rumo aos hermanos, o Banco do Brasil decide fechar mais de 300 agências e lançar um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para 5 mil trabalhadores.

É um escracho.

Quem imaginava que o país iria se recuperar em 2021 pode tirar o cavalo da chuva. Sem um novo Auxílio Emergencial o Brasil vai viver um dos seus piores anos da história recente.

Bolsonaro já sentiu o galo cantar, mas Guedes insiste no crescimento em V e interdita a aprovação de nova etapa do auxílio.

É aí que a vaca pode torcer o rabo. Se até o começo do segundo semestre a situação estiver sem perspectiva de melhorar, a parceria Bolsonaro e Guedes pode vinagrar. Se vinagrar, muita coisa pode acontecer. De um lado um endurecimento do governo com um fortalecimento ainda maior do poder das Forças Armadas. De outro, o mercado abrindo as portas para que os civis peçam o impeachment do presidente. Os sinais do BB e da Ford podem ser um prenuncio das emoções que 2021 nos projeta.