A morte de ACM, o top-top e os boca-murcha de direita

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Estou no Rio de Janeiro, onde acompanho os Jogos Pan-Americanos. Vim de avião, como já disse em uma nota anterior. Foi um desastre, mesmo o vôo em si tendo sido tranqüilo. Era para chegar ao Santos Dumont às 16h30. Dsesembarquei às 20h. Não por isso, mas por tudo que já disse em posts anteriores não tenho dúvida de que o governo federal demorou muito para tomar uma atitude em relação ao que está ocorrendo na aviação comercial. E que nada vai mudar se algo no for feito para acabar com esse esquema horroroso onde a Anac continue mandando. O problema, insisto, é a Anac, não a Infraero.

E falando em Anac, que nos levou ao top-top no sistema aeroviário, pensei que a nossa mídia comercial já havia aprendido algo com a crise do ano passado. Criminalizar atitudes como a de Marco Aurélio Garcia e de seu assessor Bruno Gaspar é de um baixo nível imenso. Eles fizeram o que muitos que estavam de saco-cheio com a postura demo-tucana de fazer apuração sentiram quando viram o Jornal Nacional de ontem. E fizeram na sala de trabalho deles, em privado. Pode se discutir se a imagem deveria ou não ir ao ar. Eu acho que sim, porque a sala de trabalho era no Palácio do Planalto, mas daí querer transformar isso numa notícia mais importante do que a notícia que gerou a reação dos assessores. Aí é demais. Aliás, diga-se de passagem, Marco Aurélio e Bruno Gaspar, tiveram a dignidade de não tergiversar. Disseram que de fato reagiram indignados. E ponto. Não falaram que ficaram felizes por ver que Cuba tinha ganho uma luta de judô contra os Estados Unidos. Aí, se fosse um tucano...

Falando em tucanos, quero perguntar aos colunistas do partido e ao governador de São Paulo, que pediu o fechamento de Congonhas, se eles terão coragem de solicitar a falência da TAM depois que um dos seus vice-presidentes assumir que o avião tinha um problema e continuava voando. Eles não são gritões, cheios de força, não estão lutando em defesa dos coitados e oprimidos, porque não pedem o fechamento da empresa. Por que a Veja não faz uma capa pedindo que a TAM saia do mercado aéreo? Sabem por que não farão isso? Porque são hipócritas, fariseus, porque não estão nem aí com o sistema aéreo e nem com o valor do bolsa família. Porque só fazem discurso pensando em agradar a mídia. Em dar discurso para a mídia.

E falando em mídia, morreu hoje Antonio Carlos Magalhães, que foi ministro das Comunicações tanto na ditadura militar como no governo José Sarney. Eu não gostava dele. Achava-o um cacique aterrador. Alguém que fazia muito mal para o seu estado natal e que também fez muito mal para a democracia brasileira. Mas devo admitir, ele não era, um boca-mole, um boca-murcha. Alguém que só ficava fazendo média para fazer de conta que era bonzinho. Ao menos, quando ACM se posicionava, sabia-se o que o outro lado pensava. Ele estava do outro lado. E não abria mão disso. Pode parecer bobagem o que vou dizer, mas esse tipo de ser político, que tem lado, está cada dia mais raro, principalmente na direita. E isso não é bom, creiam, nem para democracia.