Amorim na Defesa é um excelente sinal para o governo inteiro

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Dilma ganhou a eleição por conta do apoio de Lula. Isso é fato. E não é demérito. Ela fez parte do governo do ex-presidente desde o seu primeiro dia. E ainda participou da equipe de transição. Ou seja, poucos foram tão importantes no governo Lula quanto ela. Ou seja, ela foi candidata de um governo cujo sucesso ajudou a construir. E Lula era o símbolo daquele sucesso, por isso seu apoio foi tão importante. Mas é fato também que Dilma ganhou a eleição por ter méritos. Muitos méritos. E um dos momentos onde mostrou-os com maestria foi no debate do segundo turno na TV Bandeirantes, quando ela sacou o Paulo Preto do bolso e meteu o engenheiro na testa de Serra. E ao mesmo tempo lembrou que a esposa de Serra é que tinha começado essa história do aborto. Deu um banho no tucano naquele debate. E na minha opinião derrotou-o ali. Antes daquele debate a diferença entre ambos tinha chegado na margem do empate técnico. O clima era de estupefação na direção da campanha. E a militância começava a entrar em desespero. Escrevi uma reportagem para a Fórum após a eleição que publiquei neste blog em dois posts. Você pode ler aqui e aqui. Nenhum outro veículo publicou algo tão detalhado sobre aquela disputa. Acho que vale a pena ler porque ajuda a entender o que está acontecendo hoje. Mas o que isso tem a ver com a queda de Jobim e a volta do chanceler Celso Amorim, agora como ministro da Defesa, para o governo. Tem o seguinte, Dilma está aos poucos assumindo seu espaço e botando ordem na casa. Como fez no segundo turno, a partir do debate da Bandeirantes. Seu ministério tem atualmente uma cara mais interessante do que no dia 1 de janeiro. A saída de Palocci e de Luis Sérgio do núcleo central e o deslocamento do poder que eles tinham para a dupla Gleisi Goffmann e Ideli Salvati fez bem ao governo. Como também faz bem ao governo a chegada de Celso Amorim que é incomparavelmente mais sério, nacionalista e competente do que Jobim.  O ex-ministro não era só um quinta-coluna no ministério, mas alguém de competência bastante questionável. Que não soube, por exemplo, conduzir nem a compra de meia dúzia de aeronaves. Dilma ainda tem que melhorar muita coisa. Algumas que, inclusive, desandaram sob a sua gestão. Uma delas para a qual tenho sempre chamado a atenção e onde o seu governo perde de 10 para o de Lula é a da Cultura. A decepção nesse setor é imensa. Tanto pelo que está sendo feito como pelo que não está sendo feito pelo atual MinC. Mas a entrada de Amorim é um alento de que a presidenta conhece o time que tem e de que é boa na hora das substituições. Ou seja, Dilma é aquele tipo de técnica que sabe mexer na equipe durante o jogo. O que, se vier a se confirmar durante os próximos anos,  significa que seu governo tem potencial para terminar melhor do que começou.