Aprovação do parlamentarismo reunifica golpistas e começa a ser testada na mídia

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Ontem o presidente ilegítimo Michel Temer deu uma entrevista ao Valor dizendo que via com bons olhos a implantação do parlamentarismo já para 2018. Hoje, no O Globo, uma nota explora uma suposta reunião entre o senador José Serra (PSDB-SP) e Temer onde o assunto teria sido tratado. Na ocasião, Serra, ainda segundo a nota, teria defendido a mudança de sistema de governo para 2022. E Temer teria ponderado que achava que a alteração poderia ser realizada já para a próxima eleição. O resultado da votação do relatório do deputado tucano, Paulo Abi-Ackel, de Minas Gerais, deixou uma coisa clara. Serra e Temer não estão numa boa. Todos os tucanos de São Paulo, com exceção de Bruna Furlan, votaram contra Temer. A bancada do PPS, controlada por Roberto Freire, grande amigo e aliado de Serra, também teve apenas uma defecção a favor do presidente. Todos os outros preferiram votar pelo seu afastamento. Ou seja, essa nota de O Globo é no minimo curiosa. Para não dizer outra coisa. Quem acompanha o jornalismo de notismo sabe que certos temas vão surgindo aos poucos. Aparecem no pé de uma matéria, numa fala sem muito destaque de um cacique partidário importante e aí vão ganhando força. Ou seja, estão testando a hipótese do parlamentarismo. E pelos primeiros sinais, o golpismo tende a se reaglutinar em torno desta tese. Talvez com raríssimas exceções, entre elas, uma provável, é a do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Mas mesmo ele, que sonha com a presidência, e que ficou praticamente sozinho na raia tucana para a disputa, teria dificuldade em dizer não a uma tese que é defendida pelo seu partido desde a criação. O parlamentarismo também agrada a Globo. Porque ela sabe que numa eleição presidencial a chance de vitória de Lula é imensa. E agrada ainda mais o mercado, as transnacionais e o governo americano. Pelos mesmos motivos. E ao mesmo tempo é a tábua de salvação de Serra e Aécio. E de quase todos os deputados e senadores. Porque para mudar o sistema de governo, provavelmente teria que ser realizada de afogadilho uma reforma política, com voto distrital e lista, entre outras coisas. Essa reforma seria aprovada por este Congresso e por isso mesmo seria feita na medida para garantir a reeleição do maior número possível dos atuais deputados e senadores. Em suma, a turma não está para brincadeira. Quem está preocupado com a reforma da previdência, está certo. Mas é bom anotar a placa da reforma do sistema de governo. Porque há sinais claros de que a proposta do parlamentarismo está no forno. E em em fase adiantada de cozimento. PS: Sim, a foto da matéria não é à toa. No parlamentarismo, o Eduardo Cunha poderia ser o chefe do governo;