Articulação da oposição não é coisa de anão e nem passa só por Marina, Aécio e Eduardo Campos

A filiação de Marina ao PSB pode não ter sido uma jogada de mestre, mas tão pouco foi uma imbecilidade.

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A filiação de Marina ao PSB pode não ter sido uma jogada de mestre, mas tampouco foi uma imbecilidade. Tudo indica ter sido uma operação política calculada e cujos bastidores ainda estão por ser revelados. Mas há indícios que já permitem dizer que Eduardo Campos é apenas uma peça dessa história. É interessante verificar como esse projeto de fusão foi realizado. Pelo divulgado em vários veículos de imprensa, depois de analisar todas as possibilidades, Marina apresentou, “em caráter irrevogável”, sua opção aos que com ela tinham tentado construir a Rede Sustentabilidade. A opção PSB, no entanto, não tinha sido debatida nem com as bases do novo partido e nem com articuladores políticos que vinham buscando a criação da legenda. Em suma, escolher o PSB não foi fruto de decisão coletiva, como se espera de um projeto que diz ser mais horizontal. Foi operação de bastidor de olho na eleição de 2014. Mas quem fez a aproximação de Marina com Campos? O que foi oferecido a ex-senadora para que num primeiro momento ela deixasse de lado sua candidatura presidencial? Aécio participou da articulação? Por que Roberto Freire ficou puto? Que grupos empresariais articularam essa fusão da Rede com o PSB? Quais são os interesses desses grupos? No governo há gente comemorando o acordo a partir do entendimento de que é melhor disputar contra dois candidatos fortes do que contra três. Que com este cenário é mais fácil liquidar a eleição no primeiro turno. É uma análise com princípio correto, mas que despreza o elementar. Os operadores do lado de lá também sabem fazer conta. E as contas podem estar relacionadas com algo mais do que a montagem da chapa Eduardo-Marina, que seria PSB com PSB. E que afastaria várias legendas do projeto e junto com elas tempo de TV, a não ser que isso implicasse em acordos vantajosos para algumas nos estados, o que não parece possível já que o PSB tem quase nada a oferecer. O cálculo não fecha. Significa pouco do ponto de vista eleitoral, Marina se filiar ao PSB para ser vice de Eduardo Campos. E por isso mesmo talvez ela não tenha respondido a essa pergunta no dia da filiação. O fato é que a articulação que está sendo montada pela oposição para 2014 é muito mais profissional do que nas disputas anteriores vencidas pelo PT. E isso tem ficado cada vez mais claro para quem tem aceso a análises dos movimentos políticos nas redes sociais. A oposição já tem um grupo profissional montado e operando de forma cada vez mais articulada. Ou teria sido mera graça o ataque de Danilo Gentilli a Dilma Bolada no Twitter? Desgastar o bom fake de Dilma é parte do jogo. Danilo Gentilli apoiou Marina na eleição de 2010 e saiu atacando Cid Gomes recentemente. Curioso, né? É bom lembrar que no auge das manifestações, vídeos lançados simultaneamente com brasileiros falando em inglês fizeram muito sucesso atacando o governo e o PT. Entre eles, o do Change Brasil e o de Carla Dauden. Prestem atenção nas produções, vejam detalhes de enquadramento de câmeras e de seleção de imagens. A reunião divulgada publicamente entre Aécio e Eduardo Campos, o fico de Serra para o PSDB, o resgate de profissionais da política como Bornhausen, Heráclito Fortes e Tasso Jereissati. Tudo isso junto pode começar a ter mais sentido do que se os olhos se voltarem apenas para Marina e sua decisão tomada em "caráter irrevogável" e sem que tenha sido fruto de qualquer debate mais amplo. Ainda não está claro o que está sendo articulado, mas é possível perceber que não é coisa de amadores. E parece não estar passando apenas pelos políticos e pela política tradicional tapuia. Ou seja, não é coisa de anão. Aécio, Marina e Eduardo Campos são apenas algumas das peças nessa tabuleiro. Há outros jogadores no jogo.