Boulos diz que Vamos visa ampliar pontes na esquerda e por isso incomoda

O Lula sofre uma perseguição atroz, não tem cabimento barrar a sua candidatura, mas isso não significa que o fato de eu ser solidário a ele vai me bloquear de divergir

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A Frente Povo Sem Medo lançou nesta semana a plataforma vamosmudar e a iniciativa causou grande burburinho nas redes. Algumas pessoas viram nisso o embrião de um novo partido, cujo líder seria Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores  Sem Teto (MTST). A especulação ganhou força por conta de uma carta produzida por José Dirceu, analisando a conjuntura para 2018, onde o ex-líder do PT apontava Boulos como um dos pré-candidatos a presidente da República. O blogueiro conversou com Boulos na tarde de ontem (sexta-feira,18) e ele afirmou que a plataforma já estava na pauta da Povo Sem Medo desde o começo do ano e que seu objetivo não tem relação com 2018, mas com um projeto de país "para as próximas décadas". E que por este motivo contará com a participação de pessoas ligadas a diferentes partidos políticos e movimentos. "O país foi revirado do avesso e eu não estou querendo discutir 2018, até porque se eles ganharem tudo em 2017, não vamos ter muito o que fazer no ano que vem", disse Boulos. Ele considera que há pelo menos duas grandes disputas a serem realizadas ainda neste ano, a reforma da previdência e a reforma política. No que diz respeito à reforma política, Boulos não descarta que no desespero o bloco que está governando tente aprovar o parlamentarismo. Inclusive porque, na sua opinião, a crise social só tende a se aprofundar e em 2018 não está descartada uma convulsão social no país. Em relação a uma candidatura Lula, Boulos tem se colocado solidário ao ex-presidente em todas as suas manifestações, mas destaca que isso não significa adesão total.  "O Lula sofre uma perseguição atroz, não tem cabimento barrar a sua candidatura, mas isso não significa que o fato de eu ser solidário a ele vai me bloquear de divergir sobre seu programa de governo, por exemplo". Boulos considera que a plataforma Vamos terá um papel fundamental para dialogar com setores que estão fora do debate político partidário e que este é um dos seus grandes objetivos. "O que parece que incomoda é que a gente está tentando criar pontes entre pessoas de esquerda que não estão acostumadas a dialogar. E aí tem gente que não gosta que este diálogo se construa." Quem quiser conhecer e participar da plataforma é só acessá-la e começar a contribuir com ideias e propostas. A vamosmudar tem cinco eixos: Democratização do Território e do Meio Ambiente, Democratização da Economia, Democratização do Poder e da Política, Um Programa Negro, Feminista e LGBT e Democratização da Cultura e da Comunicação. Um texto-manifesto orientará a discussão dos eixos e a plataforma ainda reunirá os participantes em grupos de opinião, a partir de suas afinidades, apresentando as linhas que formam mais consenso. Ao final do ciclo de discussões, o acúmulo será disponibilizado a todos com o objetivo de ir criando um programa para o Brasil .